Da alternativa ao esquecimento do país real. As reações dos partidos à mensagem de Costa

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António Costa afirmou que deixa um país melhor ao fim de oito anos de liderança de governos socialistas e considerou que Portugal está preparado para enfrentar os desafios, mas a oposição da esquerda à direita considerou a mensagem de Natal desligada da realidade.

Ovice-presidente do PSD, Paulo Rangel, afirmou esta segunda-feira que a confiança e esperança dos portugueses no futuro e nas instituições “só pode ser retomada com uma alternativa” e afastando “os socialistas do poder”.

E acrescentou: “acho que a confiança e esperança só pode ser restaurada se afastarmos os socialistas do poder”.

Numa reação à nona e última mensagem de Natal do primeiro-ministro, Paulo Rangel afirmou que, à semelhança de António Costa, também o PSD confia nos portugueses, mas que a confiança dos portugueses no futuro “só pode ser retomada com uma alternativa”.

“Com maioria absoluta, ao longo de um ano desbarataram a credibilidade do Governo e das instituições”, destacou Paulo Rangel, criticando o balanço da atividade governativa feito pelo primeiro-ministro, cerca de um mês e meio depois de se ter demitido da chefia do Governo por causa de uma investigação judicial e quando estão marcadas eleições legislativas antecipadas para 10 de março.

“Como é que é possível fazer o elogio dos progressos que houve nas qualificações quando vemos a situação em que está o sistema educativo, a situação em que estão os nossos alunos sem professores, em que estão os professores sem qualquer incentivo, a situação, portanto, de impasse em que entrou a educação”, referiu.

A par da educação, o vice-presidente do PSD criticou também as contas certas, considerando que “foram feitas com base na destruição, abandono e desistência sistemática dos serviços públicos”.

Para Paulo Rangel, na mensagem de Natal do primeiro-ministro faltou “uma palavra” para os profissionais de saúde, mas também para os sem-abrigo e para os que se confrontam com a crise na habitação.

“Sabemos que a pobreza e o risco de pobreza aumentaram especialmente neste último ano, ano e meio, em que o Governo socialista tinha maioria absoluta e era liderado por António Costa”, afirmou.

Defendendo que o partido não tencionava fazer “uma crítica completa” à política socialista de António Costa, o vice-presidente do PSD afirmou, no entanto, que o primeiro-ministro “não hesitou em fazer alguma propaganda”.

PS elogia “o legado” de Costa e critica “a maledicência” da oposição

O PS prometeu continuar “o legado” de oito anos de governo de António Costa e qualificou de “maledicência” as reações da oposição à mensagem de Natal.

Foi uma “mensagem de grande lucidez, mas também de grande esperança no futuro” e o que o PS “se propõe é continuar este trabalho, de continuar a desenvolver este legado” e “a trabalhar com base na estabilidade, na previsibilidade e na segurança que os portugueses exigem dos políticos”, disse à agência Lusa o vice-presidente da bancada socialista João Torres.

Minutos depois da mensagem de Natal do primeiro-ministro, o deputado disse que António Costa “entregará um país inquestionavelmente melhor do que aquele que encontrou no final de 2015”.

E, em resposta à oposição, à esquerda e à direita, que criticou a mensagem de Costa por alegadamente descolar da realidade, João Torres afirmou: “Ao longo do último ano e meio, [a oposição] está hoje especializada na maledicência”.

No futuro, afirmou ainda, o PS “dá garantias de estabilidade, previsibilidade e segurança”, após as eleições de março de 2024, no “aumento do salário mínimo nacional, no aumento do salário médio” ou ainda nas pensões.

O deputado socialista ressaltou, da mensagem, a “dimensão de valorização e até de apelo à coesão nacional”, concordando que “Portugal está hoje muito mais habilitado para vencer os desafios da sociedade do conhecimento e de rejeitar uma economia de mão de obra barata” ou ainda no “combate às alterações climáticas”.

IL: António Costa esqueceu o que aflige os portugueses

O presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, afirmou que o primeiro-ministro, na mensagem de Natal aos portugueses, esteve “igual a si próprio”, fazendo propaganda a si e ao Governo mas esquecendo o que aflige a população.

António Costa, na mensagem difundida esta noite, não falou do essencial, como as questões ligadas à crise na habitação, aos baixos rendimentos, a “uma classe média absolutamente asfixiada por rendimentos baixos e impostos altos”, à degradação das instituições e à degradação dos serviços públicos, como a saúde, educação, transportes e justiça, disse Rui Rocha.

“Sobre estes pontos que são fundamentais para os portugueses não houve uma única palavra de António Costa, que se limitou a fazer um autoelogio, que é aquilo que tem feito sempre ao longo destes oito anos”, adiantou Rui Rocha à Lusa quando questionado sobre que leitura fazia da intervenção do primeiro-ministro.

O primeiro-ministro afirmou esta noite que deixa um país melhor ao fim de oito anos de liderança de governos socialistas, considerando que Portugal está preparado para enfrentar os desafios com uma população mais qualificada e com menos dívida.

No entender de Rui Rocha, foi “uma mensagem que encerra um capítulo”, sendo que agora o fundamental “é transmitir confiança e esperança num Portugal diferente”.

A propósito da época, o dirigente partidário lembrou as reuniões familiares dos jovens emigrantes que vieram passar o Natal a Portugal, lembrou os mais jovens que pensam também emigrar, para dizer que a Iniciativa Liberal trará soluções para que os jovens possam ficar no país e os que emigraram possam regressar.

E sobre o acesso à saúde prometeu também uma “visão diferente”, com acessos à melhorados e com as pessoas a poderem escolher se querem aceder ao privado ou ao público.

Nos desejos de bom Natal o presidente do partido também deixou uma “mensagem de esperança e de confiança no futuro, e na transformação de Portugal a partir de 10 de março” (eleições legislativas). Que as festas sejam felizes “porque temos oportunidade de transformar Portugal”, disse.

Ventura diz que Costa falhou ao não abordar crise das instituições e a saúde

O presidente do Chega considerou esta segunda-feira que a mensagem de Natal do primeiro-ministro falhou ao não abordar temas como a crise das instituições, a justiça e a saúde, acusando António Costa de não assumir as suas responsabilidades.

“É um primeiro-ministro que consegue na sua última mensagem falhar os dois tópicos principais que era importante tratar hoje e a olhar para o futuro: a crise das instituições e a confiança na justiça, que levou ao fim do seu Governo, e o profundíssimo sistema degradado em que a nossa saúde se encontra hoje”, considerou André Ventura.

O líder do Chega reagia à mensagem de Natal do primeiro-ministro, na qual António Costa afirmou que deixa um país melhor ao fim de oito anos de liderança de governos socialistas, considerando que Portugal está preparado para enfrentar os desafios com uma população mais qualificada e com menos dívida.

Na sua reação em Lisboa, André Ventura acusou o primeiro-ministro demissionário de uma “profunda incapacidade de fazer um exercício de auto responsabilidade, um juízo crítico de auto responsabilização”.

Na opinião do líder do Chega, “António Costa falhou em toda a linha ao não conseguir dar aos portugueses a tranquilidade que o país precisava numa noite de Natal”, acusando o PS e o primeiro-ministro de viverem “numa realidade paralela completamente diferente da maioria dos portugueses”.

“Esperemos que em março os portugueses saibam dar a resposta a quem não quer viver nem resolver os seus dramas e os dramas de Portugal”, disse.

PAN: Costa esqueceu o país real

A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, defendeu hoje que a mensagem de Natal do primeiro-ministro “esquece o país real” e considerou uma perda de tempo debates sobre coligações à esquerda ou à direita.

“As palavras de António Costa esquecem o país real, porque as contas certas têm que ser contas certas em primeiro lugar com as famílias, e num país em que temos mais de 10 mil pessoas em situação de sem-abrigo e quatro milhões de pessoas a viver em situação de pobreza se não fossem os apoios sociais, existe claramente aqui um défice de um país em que António Costa não tem conseguido promover o desenvolvimento social”, considerou a dirigente.

Inês Sousa Real reagia, em Lisboa, à mensagem de Natal do primeiro-ministro, na qual António Costa afirmou que deixa um país melhor ao fim de oito anos de liderança de governos socialistas, considerando que Portugal está preparado para enfrentar os desafios com uma população mais qualificada e com menos dívida.

Para o PAN, a maioria absoluta do primeiro-ministro demissionário “foi uma oportunidade perdida e desperdiçada”.

“É fundamental que, ao invés de perdermos tempo a discutir entre a esquerda e a direita, e qual vai ser a solução para o país, se uma coligação à esquerda ou à direita, que estivéssemos a discutir aquilo que é a visão e o projeto de país que queremos de facto para Portugal”, defendeu.

Inês Sousa Real disse ainda que o PAN vai apresentar-se nas eleições legislativas antecipadas de 10 de março “como uma alternativa que coloca as causas no centro político”.

“Porque precisamos de uma vez por todas de começar a discutir os valores e os princípios que queremos promover para que o país possa crescer de forma sustentável, quer numa perspetiva ambiental, quer social”, considerou.

PCP: Mensagem “não bate certo com a vida das pessoas”

O PCP considerou que a mensagem de Natal do primeiro-ministro “não bate certo com a vida das pessoas”, salientando a ausência de menção a problemas como o custo de vida, saúde, educação e habitação.

“O senhor primeiro-ministro faz uma declaração que não bate certo com a vida das pessoas. Fala das contas certas, mas não fala do desacerto das contas da vida das pessoas, do salário e da pensão que não chega para enfrentar o custo de vida, que aumentou significativamente nos últimos tempos”, começou por dizer hoje, aos jornalistas, no Porto, o dirigente comunista Jaime Toga.

Falando no centro de trabalho comunista na Avenida da Boavista, o membro da Comissão Política do Comité Central do PCP frisou ainda que António Costa fala “das qualificações do povo português, mas não fala, por exemplo, dos problemas da escola pública, do facto de haver ainda dezenas de milhares de alunos que não têm professores a todas as disciplinas”.

“Não fala do Serviço Nacional de Saúde [SNS], dos problemas que há no Serviço Nacional de Saúde, da falta de valorização dos profissionais”, referiu, sublinhando ainda a ausência de “um dos principais problemas do país, que é o problema da habitação”.

Para o dirigente do PCP, “hoje, milhares de famílias passam o Natal com a agonia de não saber como é que será o dia de amanhã, e como é que conseguirão fazer face ao aumento dos custos da habitação, seja por via do aumento da prestação do crédito à habitação, seja por via do aumento das rendas”.

Jaime Toga salientou a “importância de não alimentar ilusões, porque não é a partir do PS, como está demonstrado nos últimos anos, que se encontrarão respostas para os problemas dos trabalhadores, das populações”.

“Será, sim, pelo reforço da CDU [Coligação Democrática Unitária, entre o PCP e o Partido Ecologista ‘Os Verdes’], pelo aumento do número de votos e deputados da CDU, que será possível abrir caminho às respostas que são necessárias”, defendeu o dirigente comunista.

Bloco: Costa ignorou os problemas do país

A eurodeputada do Bloco de Esquerda Marisa Matias afirmou que a mensagem de Natal de António Costa ficou marcada pela ausência de qualquer referência aos problemas que as pessoas enfrentam, nomeadamente na habitação e na saúde.

“Nesta última mensagem de Natal, o primeiro-ministro não fez nenhuma referência aos problemas que as pessoas enfrentam em Portugal, problemas que foram agravados com a maioria absoluta, apesar de ter tido todas as condições políticas e recursos extraordinários”, afirmou Marisa Matias, numa reação na sede do Bloco de Esquerda de Coimbra à última mensagem de Natal de António Costa enquanto primeiro-ministro.

Para a eurodeputada bloquista, a maioria absoluta “foi um tempo intranquilo”, não marcado apenas pelo “rodopio de ministros”, mas também por um “sobressalto permanente” na vida das pessoas, com a crise da habitação e os problemas sentidos no Serviço Nacional de Saúde.

Sobre estes dois temas, Maria Matias disse que António Costa não fez qualquer referência.

“A habitação é um problema central neste momento em Portugal, o Serviço Nacional de Saúde precisa de ser salvo e precisa de haver investimento concreto para que aquela que é uma das principais conquistas da democracia em Portugal não colapse e para tudo isso é preciso que se olhe, que se apresente soluções concretas para esses problemas e não fugir a eles, ignorá-los, omiti-los”, salientou.

Para Marisa Matias, este era um momento para o primeiro-ministro estar “mais próximo da realidade que as pessoas estão a enfrentar em Portugal”, considerando que continuar-se a “fingir que esses problemas não existem” não irá contribuir para resolvê-los.

Segundo a eurodeputada, era importante que António Costa tivesse apresentado “um olhar para o futuro e reconhecer que há problemas muito concretos na vida das pessoas e para os quais é preciso encontrar soluções”.

Marisa Matias lamentou ainda que o primeiro-ministro português não tenha feito qualquer referência “ao genocídio que está a acontecer em Gaza”.

“Não é um Natal qualquer. À semelhança do que temos assistido tragicamente na Ucrânia e que mereceu referência no ano passado, creio que não podemos também esquecer o que se está a passar em Gaza este ano”, vincou.

Livre diz que Costa deixou os portugueses de fora das grandes decisões para o país

O porta-voz do Livre, Rui Tavares, lamentou hoje que o primeiro-ministro tivesse dedicado a sua última mensagem de Natal à confiança nos portugueses, quando não os envolveu nas grandes decisões da sua governação.

“Foi uma mensagem dedicada à questão da confiança nos portugueses, mas vale a pena perguntar onde esteve essa confiança durante estes oito anos. Não houve envolvimento das populações em geral nas grandes decisões estruturantes para o futuro do país”, afirmou o deputado único do Livre na Assembleia da República.

Rui Tavares reagia assim à nona e última mensagem de Natal de António Costa, enquanto primeiro-ministro, cerca de um mês e meio depois de se ter demitido da chefia do Governo por causa de uma investigação judicial e quando estão marcadas eleições legislativas antecipadas para 10 de março.

“Se em Sines a população tivesse sido ouvida acerca dos terrenos a proteger e dos que podem ser utilizados para propósitos industriais, provavelmente não teríamos tido essas decisões divididas entre governantes e facilitadores e o Governo não teria caído”, exemplificou Rui Tavares, em declarações à RTP3.

O dirigente partidário apontou ainda que, se o Governo tivesse confiança nos portugueses, deveria ter envolvido as “pessoas no desenho das políticas públicas” e evitado, desta forma, “muitos problemas quando os sinais de alarme já estavam todos dados na habitação”.

“A confiança nos cidadãos não pode ser um chavão. Não pode ser um lugar-comum que se repete várias vezes num último discurso enquanto primeiro-ministro. Tem de ser uma prática seguida e experimentada nestes oito anos de governo”, considerou Rui Tavares.

Costa “tentou justificar o caos da governação socialista” – CDS-PP

O CDS-PP considerou que o primeiro-ministro tentou justificar na sua mensagem de Natal o “caos da governação socialista que culminou na demissão do Governo e na atual crise política” da sua “inteira responsabilidade”.

“Ouvimos um primeiro-ministro que pertence ao passado, que se demitiu por causa de investigações criminais graves e que liderou um dos mais incompetentes e instáveis governos da história da democracia portuguesa”, afirmou o partido liderado por Nuno Melo, num comunicado assinado pelo vice-presidente Paulo Núncio.

Na mensagem de Natal transmitida na segunda-feira, António Costa afirmou que deixa um país melhor ao fim de oito anos de liderança de governos socialistas, considerando que Portugal está preparado para enfrentar os desafios com uma população mais qualificada e com menos dívida.

O primeiro-ministro defendeu esta posição na sua nona e última mensagem de Natal enquanto primeiro-ministro, cerca de um mês e meio depois de se ter demitido da chefia do Governo por causa de uma investigação judicial e quando estão marcadas eleições legislativas antecipadas para 10 de março.

“Nestes oito anos em que tive a oportunidade de conhecer ainda melhor os portugueses e Portugal, só reforcei a minha confiança na nossa pátria. É com esta confiança reforçada em cada um de vós, na nossa capacidade coletiva, em Portugal, que me despeço desejando um feliz Natal, um excelente ano de 2024 e a certeza de que os portugueses continuarão a fazer de cada ano novo um ano ainda melhor”, declarou o líder do executivo no final da sua mensagem.

Na reação, o CDS-PP acusou os socialistas de deixarem “o país mais empobrecido em termos europeus, com a pobreza em Portugal a atingir níveis absolutamente inaceitáveis e com o número dos sem-abrigo a bater recordes todos os dias, o que é particularmente chocante na época de Natal que estamos a atravessar”.

Perspetivando as próximas legislativas, marcadas para 10 de março de 2024, o CDS-PP afirma que “Portugal precisa de um novo começo, de uma nova maioria, de um novo Governo mais sério, mais competente e mais estável”.

“Para haver confiança no futuro é fundamental um novo Governo de centro-direita”, garantem os democratas-cristãos, numa alusão à sua aliança pré-eleitoral com o PSD.

Numa nota final, “o CDS-PP espera que o ano de 2024, e em particular o Natal de 2024, sejam muito melhores para Portugal e para os portugueses”.

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