DBRS diz que é pouco provável que a tendência de redução dos NPL seja sustentada em 2024

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Os principais destaques incluem o facto de o créditos improdutivos (NPL – Non Performing Loans), vulgarmente conhecido como crédito malparado, dos bancos europeus se terem mantido praticamente inalterados, mas com algumas diferenças geográficas, em especial em Espanha, Itália, Portugal, Irlanda e Grécia, em comparação com os bancos de outros países.

A DBRS Morning Star publicou um comentário que discute o desempenho variado da qualidade dos ativos nos bancos europeus em 2023 e as perspetivas de qualidade dos ativos para 2024. A análise baseia-se em dados de instituições significativas diretamente supervisionadas pelo BCE em 11 países europeus (e 49 bancos) onde a agência de notação financeira tem ratings bancários. O que inclui os bancos portugueses Banco Comercial Português, Novobanco, Banco Montepio e Caixa Geral de Depósitos.

Os principais destaques incluem o facto de o créditos improdutivos (NPL – Non Performing Loans), vulgarmente conhecido como crédito malparado, dos bancos europeus se terem mantido praticamente inalterados, mas com algumas diferenças geográficas, em especial em Espanha, Itália, Portugal, Irlanda e Grécia, em comparação com os bancos de outros países.

O desempenho dos empréstimos classificados em Stage 2 (contratos cujo risco de crédito aumentou significativamente) tem sido mais heterogéneo e poderá piorar nos próximos trimestres. “Para a maioria dos bancos da nossa amostra de países, não parece haver uma correlação direta entre o desempenho dos NPL e os créditos Stage 2”, refere a DBRS.

A agência diz ainda que não há alterações significativas nos rácios de NPL e o rácio de empréstimos classificados em Stage 2 (isto é, para os quais se observou um aumento significativo do risco de crédito), mas refere que “os desafios são crescentes.”

“A qualidade dos ativos dos bancos europeus continuou a mostrar resiliência no final do terceiro trimestre de 2023”, observa Maria Rivas, Vice-Presidente Sénior, Global FIG da Morningstar DBRS. “No entanto, uma nova escalada de conflitos geopolíticos poderá traduzir-se num ambiente de taxas de juro mais elevado e mais longo para os bancos europeus e esperamos que a qualidade dos activos dos bancos europeus se deteriore gradualmente em 2024, com NPLs mais elevados, quer através de uma aceleração nas entradas de novos NPLs, quer através de um ritmo mais baixo de recuperações de NPLs, invertendo algumas das tendências que têm sido observadas até agora nos bancos europeus”.

Na publicação da DBRS lê-se que os dados publicados pelo BCE confirmaram que a qualidade dos ativos dos bancos europeus continuou a mostrar resiliência no final do terceiro trimestre de 2023. “Os NPL da nossa amostra totalizaram 341 mil milhões de euros no final do 3.º trimestre de 2023, diminuindo 0,9% em termos homólogos “, revela a DBRS.

No entanto, foi observada alguma diferenciação de desempenho entre os NPL de países que tradicionalmente tinham NPL elevados, uma vez que continuaram a reduzir os NPL a um ritmo forte durante 2023, graças ao trabalho interno de recuperação, vendas de NPL e a write-off mais elevados. Em particular, os bancos da Grécia foram os que mais reduziram os NPL nos primeiros nove meses de 2023 (24,7% em termos homólogos), seguidos de Portugal (21,4%), Irlanda (17,5%), Itália (16,7%) e Espanha (2,5%).

“Entretanto, observou-se algum aumento dos NPL nos países que tradicionalmente apresentavam os rácios de NPL mais baixos da Europa, nomeadamente a Alemanha e França. Além disso, os bancos em países tradicionalmente com rácios elevados de NPL reduziram os NPL em 10,2%, em termos agregados, no terceiro trimestre de 2023, em termos homólogos, o que contrasta com um crescimento dos NPL de 6,7% em termos agregados para os bancos dos outros países da nossa amostra”, refere a DBRS.

O desempenho do crédito classificado em Stage 2 tem sido heterogéneo e poderá piorar nos próximos meses, antecipa a agência de rating.

A tendência dos empréstimos em Stage 2 dos bancos europeus na amostra da DBRS “tem sido mais heterogénea por país, sendo também de esperar que os empréstimos em Stage 2 aumentem em resultado das condições operacionais cada vez mais difíceis, com alguns setores específicos, como o imobiliário comercial ou o crédito ao consumo, a apresentarem desafios em 2024”.

Mais uma vez são apontados como causa os riscos geopolíticos mais elevados, incluindo a crise do Mar Vermelho, que poderão também traduzir-se num aumento dos empréstimos em Stage 2 (com mais riscos de serem “imparizados”), dependendo do sector, mas é ainda demasiado cedo para dizer se isso conduzirá a perspectivas económicas globais mais negativas, refere a agência.

“O total de créditos classificados em Stage 2 na nossa amostra totalizou 1.339 mil milhões de euros no final do 3.º trimestre de 2023 e registou uma descida de 5,6% em termos homólogos”.

Os bancos em França apresentaram uma descida dos empréstimos em Stage 2 em termos homólogos, o que poderá estar parcialmente relacionado com o facto de terem comunicado, em termos agregados, um aumento dos NPL no mesmo período.

No entanto, para os restantes bancos da amostra, “não parece existir uma correlação direta entre o desempenho dos NPL e os empréstimos em Stage 2. Os bancos de alguns países, como a Irlanda e Espanha, registaram algum crescimento do crédito em Stage 2, ao mesmo tempo que reduziram os NPL no mesmo período”.

“Continuamos cautelosos cautelosos nas nossas perspectivas de qualidade dos activos para 2024, uma vez que o abrandamento das economias se traduz geralmente em crédito mais fraco, deterioração da qualidade dos activos e provisões mais elevadas”, diz  a DBRS.

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