A vila, localizada na freguesia da Ajuda e constituída por 12 habitações, foi vendida em 2023 a um fundo imobiliário, sem que os moradores, alguns a residir ali há mais de 50 anos, tivessem direito de preferência, segundo explicou à Lusa o porta-voz dos moradores, José Pereira.
"Logo de seguida à compra, o novo senhorio passou a mandar cartas para despejar as pessoas. Portanto, viemos aqui devido a uma situação que nos preocupa, que nos está a afetar e para a qual já foi feita uma exposição e um abaixo-assinado a exigir algumas respostas à Câmara Municipal. É em busca dessas respostas que estamos cá hoje", apontou.
Segundo o porta-voz da Vila Boa Alma, três famílias já foram contactadas para abandonar as habitações, mas "têm resistido à ordem de despejo".
"A primeira carta que receberam dava como prazo de saída o mês de setembro, mas esses moradores pagaram a renda e mantiveram-se na habitação. O novo prazo é o dia 01 de novembro, mas mais uma vez irão resistir", assegurou.
Nesse sentido, José Pereira defende que a Câmara Municipal de Lisboa deve assumir o direito de preferência das habitações, de forma a evitar o despejo das 12 famílias.
"O realojamento deve ser imediato no caso de haver moradores despejados, em situação de carência económica, em casas de renda acessível, se possível na freguesia", defendeu.
Além da concentração, os moradores vão intervir na reunião pública da Câmara de Lisboa, presidida por Carlos Moedas (PSD), que está a decorrer nos Paços do Concelho.
Em 20 de junho, durante uma reunião pública descentralizada, o presidente da Câmara de Lisboa afirmou estar "muito preocupado" com a situação e prometeu que ajudar "juridicamente" para evitar que os moradores "possam ser postos na rua", tanto mais que cerca de metade terá mais de 65 anos.
Também a vereadora da Habitação, Filipa Roseta, admitiu que a autarquia poderá tentar que o proprietário se comprometa incluir os contratos antigos e vinculativos na "reabilitação do bairro", e "ver se o proprietário está a agir, ou não, dentro da lei".
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