Deyverson recorda passagem pelo Benfica: «Gostava de beber, curtir, gerar polémica...»

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Deyverson, jogador que representou o Benfica B na temporada 2012/13, relembrou algumas histórias vividas nas águias. O avançado brasileiro confessou, ainda, que não manteve o foco para alcançar um nível superior.

«Na minha cabeça era 'eu vou para o Benfica', mas não para o Benfica B. Pensei que era Pablo Aimar, Enzo Perez, Luisão, Maxi Rodriguez, Alan Kardec... Cheguei lá, tudo vazio no aeroporto. Aquele cri, cri, cri cri. Na equipa B tinha João Cancelo, André Gomes, Bernardo Silva, tinha Miguel Rosa, Ivan Cavaleiro, todos hoje estão a jogar na Premier League. E eu lá no meio pensava: 'o que é que estou a fazer aqui?' Eu acostumado ao pelado», referiu, numa primeira instância, em entrevista ao Globoesporte

«No último dia de testes fiquei no banco num amigável. Faltando 10 minutos para acabar o treino, o técnico chama-me. Entrei, acabou o jogo 2 a 0, com dois golos do 'pai' em praticamente 9 minutos. Foi um de cabeça, até de peixinho. E outra a bola sobrou para mim e eu só chapei. Aí o treinador chamou-me, disse que estava muito feliz com o meu desempenho, e queria muito contar comigo. Fiquei todo feliz, a chorar, abracei-o, não tinha nem intimidade. Pô, cinco anos de contrato, um salário mínimo, na época era 1.200 euros. Liguei para a minha mãe, todo feliz, emocionado, 'passei, passei'. Ninguém acreditou, foi um choque», acrescentou.

O atleta do Atlético Mineiro recordou as complicações que atravessou, bem como os primeiros investimentos monetários com o ordenado na Luz: «Dormíamos no chão. Uma das primeiras coisas que eu fiz foi comprar uma casa para a minha mãe, para mim, para o meu outro irmão, outro irmão. Pagou a faculdade de Direito para mim e para a minha esposa. Ele também deu start aqui no clube, comprou materiais de treino e de jogo.»

O ponta de lança de 33 anos assegurou que a sua prioridade durante a carreira não foi o futebol, algo que poderia levar a uma história diferente: «O meu empresário disse estes dias que se eu não tivesse feito as coisas que eu fiz estaria na seleção há muito tempo. Porque surgiu o interesse da seleção, há um tempo atrás, só que eu estava a beber, a curtir, a viver a vida, a levar cartão vermelho, amarelo, a gerar polémicas... Eu gostava de beber a minha cervejinha, de me sentar no portão e ficar a beber. De ficar a ouvir pagode, ouvir sertanejo.»

«O meu conselho para a juventude é o seguinte: não o façam. Sei que é difícil colocar esta ideia na cabeça da juventude, porque o mundo nos propõe coisas maravilhosas. Mas se pararmos para pensar é vazio. Se eu pudesse voltar no tempo, eu não o faria. Estaria bem melhor hoje. Para ser profissional de alto nível tem de se renunciar a muitas coisas. Quando estás ali, não queres saber de nada», concluiu.

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