Do PS “bom aluno” à AD “impreparada”. Costa pede confiança para Pedro Nuno Santos

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"Costa, amigo, o povo está contigo.”

Foi desta maneira que António Costa subiu ao palco do pavilhão Rosa Mota, no Porto, para discursar pela primeira vez numa ação de campanha do PS ao lado de Pedro Nuno Santos.

Num pavilhão à pinha, que a organização garante ter contado com 4 mil pessoas, o ex-líder socialista e ainda primeiro-ministro adotou um estilo completamente solto, numa espécie de "one man show" (espetáculo de um só homem) em que foi fazendo perguntas à plateia, mostrou jornais e fez "fact-check" aos discursos de Pedro Nuno Santos.

E falou, sobretudo, para os indecisos.

Na "conversa" com os que ainda não decidiram em quem vão votar no dia 10, Costa perguntou se "vale a pena mudar de rumo sem segurança em vez de dar oportunidade ao Pedro Nuno Santos?"

Costa salientou que "em condições normais" o PS só deveria ser avaliado daqui a dois anos e está agora "naquela situação do bom aluno e é avaliado quando ainda não acabou o segundo período".

Ou como num jogo interrompido a meio "em vez de deixarmos o jogo chegar aos 90 minutos". Mas, Costa está convicto que "mesmo com 40 minutos" o PS vai " ganhar".

Com todo o estado maior do partido presente, desde ministros, como Manuel Pizarro ou José Luís Carneiro, o ex-líder socialista desfiou críticas à direita e sobretudo à Aliança Democrática (AD) que considera "impreparada" para governar.

"Alguém acredita que eles vão tratar melhor o SNS?", começou por questionar Costa. "Para eles governar é inaugurar" e isto "demonstra bem a impreparação que a AD tem para governar", concluiu.

A partir daqui, e de uma assentada, Costa criticou três ex-presidentes do PSD: Cavaco Silva, Durão Barroso e Passos Coelho. "Não é com a inspiração de outros líderes" que a experiência se vai ganhar, avisou.

Sobre Cavaco, o primeiro-ministro resumiu que "governou quando só havia uma TV que era administrada pelo ministro adjunto". Quanto a Durão Barroso "ao fim de dois anos percebeu que governar não é inaugurar e achou que era melhor ir para Bruxelas". Finalmente, Passos Coelho queria que o convidassem, mas eles não o convidam".

Num discurso que levou 40 minutos, António Costa avisou que esta "não é altura" de arriscar "experiencias com quem não tem experiência". E aproveitou para elogiar o novo líder do PS, com quem sempre teve uma relação de altos e baixos.

Pedro Nuno Santos, segundo Costa, é "um líder que já teve de decidir, que já teve de fazer escolhas". A mais ruidosa foi a de avançar com o despacho para avançar com o novo aeroporto de Lisboa e que foi revogada por este mesmo primeiro-ministro.

Mas Costa pede que se dê confiança não só ao líder, mas ao PS.

Costa não quer deixar de participar na campanha, mas também não deixa de dar os seus próprios recados a Pedro Nuno. No balanço que foi fazendo sobre o seu próprio consulado de 8 anos como primeiro-ministro, Costa aproveitou para dar um encosto ao seu agora líder de partido.

"Há quem diga que podíamos ter feito melhor".

Costa diz precisamente o que Pedro Nuno Santos não se cansa de dizer em todos os comícios deste período oficial de campanha.

Aqui, o primeiro-ministro demissionário aproveitou para dizer que tem "dificuldade em contrariar que é possível fazer melhor, mas a OCDE quando analisou o impacto da inflação concluiu que no final de 2023 era o terceiro pais onde o rendimento mais tinha aumentado". O recado sobre o legado dos oito anos estava dado.

Pedro Nuno Santos ao invés de subir a parada, optou por fazer a intervenção que tem feito em todos os comícios. A abordagem de defesa do SNS, os apoios que promete aos jovens casais, para finalizar com um apelo direto aos indecisos, o primeiro desde que a campanha começou.

"Quero pedir aos indecisos que confiem em nós, em mim, confiem em quem sempre se bateu por um país inclusivo, confiem em mim, em nós não vos vou desiludir", pediu o líder socialista.
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