Donald Trump. O perfil do ex-Presidente que pretende reaver as chaves da Sala Oval

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O 45.º Presidente dos Estados Unidos, um controverso magnata do ramo imobiliário de Nova Iorque que agora encabeça a mudança da direita americana, espera tornar-se no segundo Presidente a servir um segundo mandato não consecutivo.

Donald Trump é uma figura que poucos desconhecem. Desde o império imobiliário nas últimas décadas do século XX à ascensão no meio político, o magnata americano é uma personalidade que divide fortemente as opiniões dos americanos. Pela terceira vez candidato à liderança da Sala Oval, tendo conseguido a vitória em 2016 frente a Hillary Clinton e sendo destronado por Joe Biden em 2020, Trump representa uma nova era no Partido Republicano assente no pós-liberalismo e nos chavões America First e Make America Great Again. Este último slogan é curiosamente, o mesmo que Ronald Reagan utilizou na década de 80.

Os primeiros anos

Donald John Trump nasceu na cidade de Nova Iorque há setenta e oito anos, sendo o quatro filho de Frederick Trump – um empresário de sucesso no ramo imobiliário – e de Mary MacLeod.

O ex-presidente americano pertence a uma geração de americanos que chegaram à época da famosa Guerra no Vietname na casa dos 20 anos, o que era considerado um golpe de azar proferido pelo destino. Mas Trump é conhecido por desafiar o destino que estaria, à partida, traçado. Após frequentar a Academia Militar de Nova Iorque, a Universidade de Fordham e de obter a licenciatura em Economia na Faculdade de Wharton da Universidade da Pensilvânia, o jovem Donald Trump, então com 22 anos, foi diagnosticado com esporão ósseo, livrando-se assim do fardo do serviço militar.

Livre do pesadelo vietnamita, Donald Trump pode dedicar-se ao negócio do pai, onde começou a demonstrar as suas capacidades de liderança, juntamente com um cinismo e uma implacabilidade inerentes a um líder na arena feroz que é o mercado americano.

Em 1974 torna-se presidente de um conjunto de empresas do pai, a qual hoje conhecemos com um único nome: Trump Corporation. Foi nessa época que começou a enfrentar problemas na Justiça, que o acusou de violar, alegadamente, o Fair Housing Act de 1968, relativamente à exploração de edifícios de apartamentos na sua cidade natal. A família Trump recorreu e o caso acabou num acordo, não sendo a família encontrada culpada.

A expansão

A década de 80 representa um marco histórico para o capitalismo americano. Com a chegada de Ronald Reagan à Casa Branca em 1981, a Reaganomics – conjunto de medidas que levaram à desregulação dos mercados e ao liberalismo económico quase sem freios – proporcionou um terreno fértil para o florescimento de negócios, revitalizando a ideia do “sonho americano” após um período difícil para a economia americana sob a presidência de Jimmy Carter.

Trump aproveitou o impulso económico e começou a expandir o negócio do pai, investindo em hotéis e residências de luxo em Manhattan. O ponto alto foi a aquisição do icónico Hotel Commodore, o qual se propôs a recuperar, alavancando o investimento com base numa isenção fiscal que se estenderia por quatro décadas. A Trump Tower foi o grande investimento seguinte, abrindo portas em 1983. A ambição de Trump não se restringiu à cidade que nunca dorme, tendo investido em três casinos em Atlantic City, no Estado de Nova Jersey

A entrada na política

Donald Trump, desde os anos 90, foi dando a entender que a corrida à presidência seria uma possibilidade, mas nunca alimentou demasiado a ideia. Até 1999, quando a candidatura parecia estar a ganhar uma dimensão real. Acabou por não acontecer.

Ainda assim, a publicação do livro The America we desserve (A América que merecemos) corporizou o desejo de Trump e serviu, de certa forma, como manifesto político. A expectativa para a eleição de 2012 era alta, e o nome de Donald Trump era uma dos apontados à candidatura republicana. Mais uma vez, não aconteceu, e Mitt Romney acabou por perder para o incumbente Barack Obama.

É em 2015 tudo muda. Donald Trump anuncia a sua candidatura sob o slogan Make America Great Again, prometendo uma reforma económica que geraria mais emprego, mais proteção aos indústrias americanos, uma “limpeza” na alegada corrupção de Washington e prometeu, desde logo, um combate feroz à imigração ilegal.

Contra todas as previsões, Trump acaba por vencer a eleição frente à ex-primeira dama Hillary Clinton, mesmo tendo perdido a nível nacional. A sua primeira ordem executiva foi a revogação do Affordable Care Act, mais conhecido como Obamacare.

É certo que na administração Trump, a guerra comercial com a China se aprofundou, mas a nível de política externa foram quatro anos que ficarão marcados pela estabilidade generalizada aparente, principalmente no Médio Oriente, onde foi responsável pela mediação de acordos de normalização de relações entre os Emirados Árabes Unidos, o Sudão e o Bahrein com o Estado de Israel.

A presidência Trump gozava de uma taxa de aprovação de 49% no início de 2020, o que fazia prever a reeleição nesse mesmo ano. Porém, a pandemia e a má gestão da mesma tramaram o magnata americano. A taxa de aprovação caiu para 34% no fim do mandato.

A eleição contra Biden foi renhida e o republicano chegou a denunciar fraude eleitoral, tendo sido apontado com autor moral dos acontecimentos no Capitólio do dia 6 de janeiro de 2021, processo pelo qual teve de enfrentar a Justiça.

Uma segunda vida

Trump decidiu voltar a candidatar-se este ano, com as primárias republicanas a representarem uma mera formalidade. O principal candidato nem compareceu aos debates.

A incapacidade evidente de Joe Biden, visível há já dois anos, facilitou a campanha de Trump que parecia estar em velocidade cruzeiro rumo à Sala Oval. O ex-presidente venceu, apesar de algumas incongruências, o debate contra o adversário de forma clara e, no dia 13 de julho, em Butler, voltou a fintar o destino. Bafejado pela sorte que o fez realizar um movimento no último momento, Donald Trump foi alvejado de raspão na orelha. A icónica imagem de punho erguido e de cara ensanguentada parecia carimbar a vitória dos republicanos.

Mas a desistência de Biden e a nomeação de Kamala deram uma nova vida também aos democratas e, ao que tudo indica, as eleições serão disputadas até ao último voto.

Donald Trump pode, no dia 5 de novembro, tornar-se no segundo presidente da História do país a servir um segundo mandato não consecutivo. Em caso de derrota, ficará mais quatros ano de fora, já com poucas esperanças de voltar a ser o líder do mundo livre.

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