Douro aposta nos "velhos" vinhos do Porto para conquistar novos consumidores

10 meses atrás 87

O Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) aprovou 86 vinhos do Porto nas novas categorias especiais instituídas em 2022 e que representam uma aposta de vários produtores numa época em que as vendas estão a descer. De acordo com dados do IVDP, entre janeiro e setembro verificou-se uma quebra de 2% no volume de negócios e menos 3,4% na quantidade de vinho do Porto comercializado, comparativamente com igual período do ano passado.

No Douro, verifica-se que algumas empresas estão a apostar nas novas categorias especiais de vinhos "velhos" instituídas em janeiro de 2022: Branco 50 anos, Tawny 50 anos e Very Very Old (VVO). Atté ao momento estão aprovados 86 vinhos nestas categorias.

Costa Boal Family States

Aposta na raridade

Uma das empresas que está a apostar nos vinhos velhos é a Costa Boal Family Estates, que optou por lançar um Very Very Old Port e um Porto 50 anos. A empresa liderada por António Boal é detentora de vinhas velhas e outras mais recentes nas regiões do Douro, Trás-os-Montes e Alentejo.

"Vinhos desta raridade têm um valor imensurável. São raros, únicos, de quantidades limitadas, é certo, mas, mais do que isso, contêm em si décadas e décadas de história que as gerações souberam proteger e perpetuar para que agora possam mostrar ao mundo o quanto o vinho do Porto possui de excecional e o que há de diferenciar sempre esta Região Demarcada de todas as outras do mundo", afirmou António Boal.

O vinho da Costa Boal, inserido nas novas categorias de vinho do Porto, envelheceu, ao longo de várias gerações, em cascos de madeira na adega que a empresa possui na aldeia de Cabêda, no concelho de Alijó, distrito de Vila Real.

António Boal

Costa Boal Family States

Novos públicos e novos consumidores

Descendente de uma família de viticultores estabelecida no Douro há mais de 150 anos, António Boal entendeu que este era o momento para efetuar um "levantamento histórico cuidado e profissional que validasse o ADN destes vinhos, reforçando a importância do passado, mas com o desafio de pegar "nestes velhos vinhos e torná-los novos" e "capazes de se posicionar pela qualidade e pelo preço ao lado dos vinhos produzidos nas regiões de vinho mais famosas do mundo".

O objetivo é conquistar novos públicos e consumidores. "Estes vinhos são o ADN da Costa Boal que agora tem a história e a sua árvore genealógica devidamente identificada", salientou.

Dona Otília Porto e Douro Wines

Engarrafado por encomenda

Em Santa Marta de Penaguião, Otília Timóteo criou em 2015 a empresa Dona Otília Porto e Douro Wines para homenagear a sua avó. Também descendente de uma família de produtores e engarrafadores, a empresária disse à agência Lusa que ao longo dos anos foram armazenando alguns vinhos do Porto.

"Em janeiro vamos lançar o Tawny 50 anos, a nova categoria do IVDP, e vamos lançar um White (Branco) 40 anos. São vinhos muitos especiais e muito raros", salientou. A empresa, acrescentou a produtora, tem também em catálogo um Very Very Old tawny, mas que só é engarrafado "por encomenda" porque é um vinho com uma "quantidade diminuta, caro e que tem mais de 100 anos".

"Se tivermos uma encomenda de uma ou duas garrafas, preparamo-las manualmente, com todo o cuidado", apontou. Otília Timóteo disse que a empresa está a apostar nestas categorias por uma "necessidade de crescimento nestas gamas especiais" e para "cativar outro tipo de público e de atenção". "Até porque essas categorias também dão alguma notoriedade à marca", salientou, referindo que este ano registou uma quebra na exportação de vinho do Porto na ordem dos "15 a 20%".

"No entanto, não podemos dizer que foi um ano mau, mas tivemos obviamente uma quebra nas exportações. O mercado nacional não é muito representativo para nós em termos de vinhos do Porto, sendo que 80% daquilo que produzimos e comercializamos é para exportação para países como Dinamarca, Holanda, Alemanha ou Suíça", afirmou.

Vinho do Porto

IVDP

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