EDITORIAL | O zerozero e o seu jornalismo

6 meses atrás 51

Saíram daqui depois da meia-noite. Ainda não eram 8 da manhã e outros já cá estavam. Dois estão lá fora, um em Bérgamo, outro em Glasgow - para onde foi diretamente de Londres. Dia, após dia, após dia... O jornalismo no zerozero é feito a toda a hora e de forma cada vez mais ampla.

Podemos dizer que temos a felicidade de estarmos numa casa que trata bem a classe e que a procura valorizar antes de se valorizar a si. Felizmente, nos últimos anos, pudemos aumentar consecutivamente o número de jornalistas e, dessa forma, encontrar também vias para a nossa entidade crescer e se afirmar cada vez mais a nível nacional e internacional.

Sim, porque a aposta foi anterior aos resultados. Infelizmente, atravessamos, como pertencentes a uma classe em crise, momentos em que o oposto é o frequente e que, como os resultados nem sempre acompanham as expectativas, o caminho costuma ser o de desinvestimento e da rutura.

É fundamental que, primeiro que tudo, consigamos ser melhores. Ponderados, rigorosos, sabedores de que vivemos do clique mas que não podemos viver para o clique. É com o leitor que temos o maior compromisso. Uma informação mal prestada é um tiro no porta-aviões de um dos grandes baluartes da democracia. Numa altura em que o clickbait e as fake news são prato principal (sim, principal) nas maiores plataformas de interação, urge que o jornalismo possa ser cada vez mais sólido, fiável e confiável.

Depois, é também fundamental que quem consome - e consome-se a um ritmo alucinante no contexto virtual - possa ter a sensatez de discernir o que parece do que é, o que é verdadeiro e falso. Acima de tudo, possa ter confiança e convicção de que o jornalismo é distinto e o valorize.

Publicações que se fazem passar por outras, páginas com vistos azuis (que pagam para dizerem que são credíveis), identidades que tentam emergir com base no levantamento de especulações que, quando em nada dão, em nada responsabilizam o autor. Possuir uma carteira profissional de jornalista não pode nunca ser uma vaidade antes de ser uma enorme responsabilidade e é isso que nos distingue.

Neste 14 de março, mais de 40 anos depois, o jornalismo faz greve. Para ser ouvido. E é fundamental que o seja.

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