Eleições em Moçambique. "Certificar uma mentira é fraude", dizem bispos moçambicanos

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22 out, 2024 - 15:56 • Pedro Mesquita

"Certificar uma mentira é fraude", diz comunicado da conferência Episcopal de Moçambique.

Os bispos moçambicanos não têm dúvidas de que as ultimas presidenciais eleições ficam marcadas pela fraude: "Infelizmente, mais uma vez, verificaram-se fraudes grosseiras. Repetiram-se enchimentos de urnas, editais forjados e tantas outras formas de encobrir a verdade". E o comunicado da Conferencia Episcopal de moçambique prossegue: "Face a estes comprovados dados adulterados, poderão os órgãos eleitorais certificar os resultados? Certificar uma mentira é fraude.

O comunicado dos bispos de Moçambique começa com uma referencia direta à morte de dois elementos próximos de um dos candidatos presidenciais, Venâncio Mondlane: "Condenamos o bárbaro assassinato de duas figuras políticas" - próximas do candidato Venâncio Mondlane - "a relembrar com evidência, com semelhanças no método, outros assassinatos de figuras políticas ou da sociedade civil, também ligadas a partidos da oposição, ocorridos na sequência de anteriores eleições".

E o comunicado dos bispos foca-se, depois, no ato eleitoral. A conclusão da Conferencia Episcopal de Moçambique não poderia ser mais clara, neste ponto: "Infelizmente, mais uma vez, verificaram-se fraudes grosseiras. Repetiram-se enchimentos de urnas, editais forjados e tantas outras formas de encobrir a verdade. Face a estes comprovados dados adulterados, poderão os órgãos eleitorais certificar os resultados? Certificar uma mentira é fraude".

Os Bispos de Moçambique relacionam esta leitura das eleições, com um outro dado, a elevada abstenção registada nestas eleições: "Mais de metade dos moçambicanos que tinham sido inscritos, não se fizeram presentes para exercer o seu direito ao voto. Assistimos à mais elevada abstenção eleitoral na nossa história de eleições multipartidárias, o que parece indicar que as irregularidades e fraudes registadas em eleições anteriores demonstraram a grande parte da população que a sua vontade, expressa nas urnas, não é respeitada, tornando inútil o exercício deste importante direito cívico".

O documento prossegue, com os bispos de moçambique a apelarem "ao respeito pelo direito à manifestação pacífica...e a alertarem igualmente os jovens para "para que não se deixem instrumentalizar e serem arrastados em ações de vandalismo e desestabilização".

O comunicado da Conferencia Episcopal de Moçambique termina com um forte apelo para que seja travada "a violência, os crimes políticos e o desrespeito pela democracia"; para que se tenha a "coragem de enveredar pelo diálogo e de repor a verdade dos factos". E o texto remata com esta frase: "Moçambique não deve voltar à violência!"

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