Esquerda diz que escolha de Maria Luís Albuquerque para comissária europeia é "revivalismo" da Troika

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Um nome de má memória. É assim que a esquerda descreve a escolha de Maria Luís Albuquerque para candidata de Portugal a comissária europeia nos próximos cinco anos.

Na Assembleia da República, o Partido Socialista lamentou que o executivo não tenha "auscultado as outras forças políticas, em particular o maior partido da oposição". O deputado Pedro Delgado Alves revelou que o PS foi notificado da decisão "minutos antes do momento do anúncio público" pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro.

"Não nos parece que satisfaça esse objetivo de cooperação institucional e leal com todos os partidos", apontou.

Quanto ao nome de Maria Luís Albuquerque, o socialista disse que, enquanto ex-ministra das Finanças durante o período da Troika, esta foi "responsável direta por um conjunto de medidas muito gravosas para um conjunto significativo de setores do país pensionistas, trabalhadores, a administração pública, os próprios serviços públicos".

"[Maria Luís Albuquerque] Pode representar um regresso ao passado que não é necessariamente positivo, até na óptica das instituições europeias", rematou.

A mesma ideia foi defendida pelo bloquista Fabian Figueiredo, que considera que a antiga governante "é a pior escolha que o Governo podia ter feito". Acusa-a de ter sido uma "agente da Troika", "justificando cortes salariais, cortes nas pensões e a desconstrução do Estado social".

Ainda assim, o deputado diz que a escolha "não surpreende por estar sintonizada com a política que Luís Montenegro quer aplicar em Portugal".

Paula Martins, do PCP, vê "com preocupação" a escolha que lhes lembra "um período de má memória para os trabalhadores e para o povo português".

Na mesma linha esteve o deputado do Livre Jorge Pinto, que associa a ex-ministra das Finanças "a um dos piores momentos da história da União Europeia".

O PAN, pela deputada Inês de Sousa Real, criticou a escolha de Maria Luís Albuquerque e anunciou que o partido vai propor a audição da antiga ministra no Parlamento para que possa explicar "a visão que vai levar para a UE em nome de Portugal”.

Para o PAN, trata-se do "revivalismo de sacrifícios que os portugueses já fizeram e que certamente não esquecem".

Direita elogia currículo de Maria Luís

Em sentido contrário partidos da direita elogiam a opção. Para a Iniciativa Liberal, o currículo da candidata a comissária europeia demonstra que tem, "pelo menos aparentemente", " as competências técnicas necessárias para o cargo que vai desempenhar".

Apesar do tom elogioso, a deputada Mariana Leitão ressaltou que "o mais importante do que a pessoa é que seja alguém que tenha uma visão reformista, que queira reformar e mudar a União Europeia".

Antes reagia nos Passos Perdidos Paulo Núncio, do CDS, partido que faz parte da coligação que suporta o Governo.

O centrista reconheceu - tal como o primeiro-ministro - "enorme competência e enorme sentido de Estado" a Maria Luís Albuquerque, nomeadamente "pela sua experiência política noutro governo do PSD-CDS [liderado por Pedro Passos Coelho, no período da crise], chamado a dirigir os destinos de Portugal num momento particularmente difícil, provavelmente nos momentos mais difíceis da nossa história".

Depois de uma manhã movimentada nos corredores do Parlamento, falta ainda uma reação por parte do Chega à escolha de Montenegro para liderar uma das pasta da nova Comissão Europeia, que deve tomar posse até ao final do ano.

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