"Ventura é idiota útil de Montenegro e idiota inútil de Pedro Nuno"

2 horas atrás 18

No rescaldo das acusações mútuas entre o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o presidente do partido de extrema-direita Chega, André Ventura, o presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, considerou, esta segunda-feira, que Ventura tem sido não só “idiota útil” do chefe do Governo, mas também “idiota inútil” do secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos. Acusou, além disso, o líder dos socialistas por aparentar ter “falta de sentido de Estado”, uma vez que colocou Montenegro e Ventura “no mesmo patamar”.

Na ótica do liberal, Ventura “está a mentir” no que diz respeito a ter mantido reuniões com Luís Montenegro quanto um acordo sobre o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), que incluía a possibilidade de o partido vir integrar o Governo, uma vez que “faz depender essa existência de um acordo da existência de reuniões”.

“Ora, a existência de reuniões, sejam elas quantas forem, e parece que também aí há uma divergência no Governo e no número apontado por André Ventura, não implicam a existência de um acordo”, começou por dizer, em entrevista à CNN.

Rui Rocha argumentou ainda que, nas reuniões que teve com Montenegro, o governante assegurou-lhe que o “compromisso com o ‘não é não’ era para manter”.

“Nas reuniões que tive com o primeiro-ministro, o que me foi comunicado é que a questão da linha vermelha do ‘não é não’ era uma questão permanente e irrevogável na visão do primeiro-ministro. Portanto, tenho uma obrigação cívica, vai para lá do exercício da política, de preservar, também como líder político, as instituições”, disse.

O líder da IL foi mais longe, tendo apontado que “quando alguém acusa outra pessoa de mentir, que foi o que André Ventura fez, depois de o primeiro-ministro lhe chamar cata-vento, e quem diz que fez um acordo e que teve reuniões, deve apresentar provas”.

“Quando se foge à apresentação de provas, isso dá uma indicação clara de que aquilo que se disse não corresponde à realidade. Estou aberto ao contraditório. Se André Ventura amanhã disser, ‘eu tive reuniões no dia tal e tal’, se apresentar as datas e se apresentar provas concretas, eu revejo a minha posição e digo, ‘Luís Montenegro mentiu ao país’. Agora, com o que tenho na mão, entendo, como já disse, que André Ventura está a mentir”, complementou.

Na ótica de Rui Rocha, “André Ventura tem sido, ao que parece, uma espécie de idiota útil de Luís Montenegro, porque vai a estas reuniões secretas, sai pela porta dos fundos, anda a implorar ir para o Governo ao mesmo tempo que diz que nunca estará no sistema”, mas também tem sido um idiota inútil com Pedro Nuno Santos”, que se mostra “útil para a Esquerda, mas inútil do ponto de vista dos que queriam mudar o país”.

É que, recordou, foi graças à intervenção de André Ventura que um socialista ocupará o lugar de presidente da AR na segunda parte da legislatura. O presidente do Chega tem também aprovado “sucessivas medidas do PS” e, “em vez de o país estar a observar este conflito interno que o PS tem, temos André Ventura a aparecer, quase que parece para desviar atenções e para facilitar a vida a Pedro Nuno Santos”, disse.

Rui Rocha não se ficou por aqui, tendo também acusado Pedro Nuno Santos de ter “falta de sentido de Estado”.

“Quando põe no mesmo patamar André Ventura e o primeiro-ministro, sem ter outra informação, está a ter uma posição de falta de sentido de Estado. Se calhar também estará disponível para negociar com André Ventura. É isso que quer dizer ao país?”, questionou.

O liberal indicou também que há, de facto, uma guarda pretoriana, mas que esse grupo é um problema do líder dos socialistas.

“A guarda pretoriana que existe é um problema não para mim, é um problema para Pedro Nuno Santos. A guarda pretoriana que existe neste momento ao Orçamento e ao Governo da AD é dentro do PS [e é] composta por Fernando Medina, Francisco Assis, Álvaro Beleza, José António Vieira da Silva”, enumerou.

O deputado disse ainda que o partido não vai votar a favor do OE. “Isso é certo.”

Na passada quinta-feira, em entrevista à TVI, o líder do Chega, André Ventura, alegou ter tido várias reuniões com o primeiro-ministro que não foram divulgadas à comunicação social com vista a um acordo sobre o Orçamento do Estado para 2025, que incluía a possibilidade de o partido vir integrar o Governo, num "contexto político diferente".

Nesse dia, o primeiro-ministro assegurou, através da rede social X, que "nunca o Governo propôs um acordo ao Chega", e acusou André Ventura de mentir.

"Nunca o Governo propôs um acordo ao Chega. O que acaba de ser dito pelo Presidente desse partido é simplesmente mentira. É grave mas não passa de Mentira e Desespero", disse, sem voltar ao tema sempre que foi questionado em público.

Nos últimos dias, a acusação voltaria a ser repetida por André Ventura.

No sábado, num comício em Vila Nova de Famalicão, o secretário-geral do PS, afirmou que a Direita em Portugal "não é de confiança", classificando como "uma vergonha" que os líderes do PSD e do Chega se acusem mutuamente de mentir.

"Não sabemos quem mente, não vamos dirimir essa disputa. Mas para dizer 'André, nós não confiámos em vocês e, portanto, não vamos negociar convosco', bastava uma reunião", disse Pedro Nuno Santos.

Para o líder socialista, esta é uma questão que precisa de ser clarificada, para os portugueses ficarem com a certeza de que "a palavra do primeiro-ministro é para levar a sério".

[Notícia em atualização]

Leia Também: Acordo para OE? Ventura "passa a vida a fazer piruetas de discurso"

Ler artigo completo