OE 2025
14 out, 2024 - 16:46 • Pedro Mesquita , João Pedro Quesado
Secretário-geral criticou no sábado comentadores televisivos do partido por “fazer o jogo da direita” sobre o Orçamento do Estado para 2025 e o eventual voto a favor do PS.
Adalberto Campos Fernandes considera que as críticas de Pedro Nuno Santos a comentadores televisivos do partido são declarações “menos felizes” ditas em “momentos difíceis, de grande tensão”. À Renascença, o ex-ministro da Saúde procurou desvalorizar o caso, mas lembrou que o atual líder também já foi comentador.
“São momentos difíceis, de grande tensão, a liderança política da oposição não é fácil, portanto nós damos conta de que esses momentos de grande tensão muitas vezes levam a que possam sair coisas menos felizes do que noutras ocasiões”, lamentou Adalberto Campos Fernandes, que disse ainda que “não daria a isso grande importância”.
No passado sábado, no encerramento do Congresso Distrital do Porto, em Penafiel, o líder socialista avisou que “aqueles que no nosso partido têm acesso à televisão precisam mais vezes de descer do pedestal e de estar com o partido, sentir o partido, sentir os militantes”.
Questionado se não se sentiu visado pelas críticas de Pedro Nuno Santos, o socialista, que é comentador televisivo, disse que “nem eu, nem penso que a generalidade dos comentadores da área socialista que estão no espaço público se sentiram visados”.
Adalberto Campos Fernandes lembrou que o atual secretário-geral “também foi” comentador, “embora por pouco tempo”, pelo que “sabe bem que nós sabemos do que é que ele está a falar e que estamos a falar de um partido livre, onde a liberdade é um valor supremo e onde nada disso significa nenhum confronto com a própria natureza do partido e com a própria posição oficial do partido”.
Para o ex-ministro da Saúde, o PS é “um partido livre, democrático, e ele sabe o que é ser livre, o que é ser militante de um partido que se caracteriza pela livre expressão e naturalmente contraditório pela diferença de opiniões”.
Adalberto Campos Fernandes realça que o partido “está unido quando é necessário estar unido, nos momentos críticos, mas que, fora desses momentos, tem naturalmente a tolerância para com quem livremente tem linhas de pensamento que possam ser aqui e ali diferentes das oficiais”.
Campos Fernandes foi ministro da Saúde no primeiro governo de António Costa, entre novembro de 2015 e outubro de 2018.
O PS ainda não anunciou o sentido de voto sobre o Orçamento do Estado para 2025 na generalidade, cuja votação decorre a 31 de outubro.