Estoril Praia, a surpresa na Final Four: «Queremos fazer uma festa memorável»

8 meses atrás 79

Se para Benfica, Sporting e SC Braga - significativo do grande crescimento dos Gverreiros neste capítulo - acaba por ser mais um momento de decisão, outro sabor tem, indiscutivelmente, esta Final Four da Allianz Cup para o Estoril Praia. 

Os Canarinhos, pela primeira vez na sua história, vão ter a oportunidade de disputar os capítulos finais da prova, estando prometida uma grande festa, esta quarta-feira, em Leiria.

Diana Sanches e João Fortes Rocha partilham o enorme sentimento pelo «familiar» emblema da Linha. O zerozero sentiu o pulso a estes adeptos antes de um capítulo bonito contra o Benfica. 

«É o meu clube, independentemente da divisão»

Numa região dominada por dois gigantes, o sentimento de pertença é destacado por ambos como um grande responsável pela ligação forte ao Estoril Praia. No entanto, foi preciso mais que uma oportunidade para Diana Sanches começar a sentir os Canarinhos de forma intensa.

«O meu pai tinha o gosto pelo clube e passou-me a herança. Foi uma história de amor à segunda vista (risos). Lembro-me de ir a um jogo do Estoril Praia em 2009, na II Liga, e um insulto de um adepto a um árbitro deixou-me muito nervosa. Tinha oito anos, comecei a tremer e a perguntar aos meus pais se faltava muito para acabar o jogo. Fiquei traumatizada e só voltei ao estádio em 2012. Dei uma oportunidade e fiquei com vontade de repetir. Assim surgiu a ligação», começou por explicar.

@Arquivo Pessoal

«O clube permitiu-me conhecer muitas pessoas e adquirir valores. Antes tinha afeto por um dos grandes, mas não tinha esta ligação familiar. Conseguia estar próxima dos jogadores, numa idade em que os vemos como heróis. Autógrafos, fotografias, significavam muito.»

«Apoiar o Estoril Praia é estar na bancada e conhecer o João, o André, a Mafalda, etc. Cativou-me esse ambiente próximo», admitiu a estudante de Direito, membro do Conselho Consultivo do clube.

Estorilista de gema, membro dos órgãos sociais e autor da obra Estoril Praia: 80 anos, 80 figuras, João Fortes Rocha deu-nos também um semelhante retrato da ligação aos Canarinhos.

«É o meu clube, independentemente da divisão. Sempre que vamos ao estádio é um momento de comunhão. É gratificante sentir que o clube é um ponto para a criação de grandes amizades. Um património que significa mais que uma vitória ou um título. É grande o sentimento de pertença e vínculo a um emblema que representa a nossa região», afirmou.

De grandes momentos e fases negativas - a equipa perdeu todos os jogos em 2024 -, esta tem sido uma época atribulada para o Estoril Praia. Desafios com consequências, segundo Diana, na confiança de um plantel talentoso e capaz de jogar com qualidade.

«Tem sido uma época de muitos altos e baixos. As coisas até começaram bem na Taça da Liga em julho, mas apertaram com o mau início de campeonato. Os erros defensivos prejudicaram bastante.»

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«Os golos sofridos nos descontos também geraram alguns fantasmas. Ficámos um pouco surpreendidos com a saída do mister Álvaro Pacheco, mas o mister Vasco Seabra conseguiu identificar os problemas.»

«A vitória no Dragão deu um clique importante na equipa e tivemos uma excelente fase, só que 2024 não está a ser nada fácil. Do meio-campo para a frente até estamos bem, só que a concentração tem sido um problema», confessou, perspetivando também emoções fortes esta quarta-feira.

«Vai ser mais um dia histórico. Já tivemos subidas de divisão, meias-finais da Taça de Portugal e presenças na Liga Europa. Queremos fazer uma festa memorável na bancada. É um momento de celebração e temos alguns autocarros cheios. Por mais céticos que possamos ser, em mente temos sempre uma possível conquista do título, como o Vitória FC e o Moreirense conseguiram. Não há impossíveis», apontou.

@Arquivo Pessoal

Sobre os rumores de internacionalização da prova, as opiniões diferem. Se Diana é contra, João prefere apontar o foco à mudança de formato prevista para a próxima edição desta prova. 

«Uma competição portuguesa é para ser disputada em Portugal. Ainda recentemente vimos as imagens de um estádio longe de esgotado na Supertaça Italiana, a disputar na Arábia Saudita.

Até pela nossa economia, não abre grandes perspetivas de deslocação de adeptos a esses palcos. Muitas vezes já é um grande problema ver um jogo do nosso clube dentro de portas», revelou a adepta.

«Acho uma oportunidade benéfica para o nosso futebol. Acredito que possa valorizar financeiramente e mediaticamente os clubes. Sobre a mudança de formato, discordo de forma absoluta. Vem subverter o espírito da competição, mesmo que o atual modelo não seja perfeito. É um pouco raro e até deviam mudar o nome da prova», defendeu, por sua vez, João Fortes Rocha.

Se o ambiente é de festa, o espírito não se limita à participação, revelam-nos os dois estorilistas. Leiria, defendem, é uma cidade de boas recordações para o clube.

«Temos de encarar o jogo com vontade de estar na final. Foi, curiosamente, em Leiria que conseguimos a subida à I Liga em 1991, com o Fernando Santos a treinador. Mais recentemente ganhámos lá a final da Taça Revelação. Que seja um presságio de coisas boas (risos)», concluiu João.

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