EUA: Biden explica porque desistiu e apoia Kamala Harris sem reservas

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Aparentemente, o ainda presidente dos EUA achou-se sem a força suficiente para atingir o desiderato de uma vida: salvar a democracia. Passou essa função a Kamala Harris e foi de seguida festejar.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, dirigiu-se pela primeira vez aos eleitores esta quarta-feira (madrugada de quinta em Portugal) desde que desistiu da sua candidatura à reeleição, dizendo que decidiu renunciar à ambição pessoal de salvar a democracia. Apesar de falar a partir da Sala Oval da Casa Branca, a intervenção de Biden foi a de um ex-candidato democrata e não a de um presidente – tendo usado um tom calmo e contido enquanto ‘lá fora’ as campanhas usam cada vez mais a ameaça e o insulto como arma política. “Ela é experiente, ela é dura, ela é capaz”, disse Biden sobre Kamala Harris. “Ela tem sido uma parceira incrível para mim e uma líder para o nosso país. Agora a escolha é vossa, o povo americano”, finalizou, tentando alavancar a sua vice-presidente – que manteve convenientemente na sombra durante os quatro anos que passaram juntos na administração.

Biden disse acreditar que merecia ser reeleito com base no seu histórico acumulado no mandato que agora está prestes a terminar, mas que o seu amor pelo país o levou a afastar-se. “Decidi que o melhor caminho a seguir é passar o testemunho para uma nova geração. Essa é a melhor maneira de unir a nossa nação”, disse Biden, numa intervenção pouco colorida, previsível e genericamente alternativa em relação ao que aconteceu. De facto, Biden resistiu até ao limite do suportável – continuando a tentar salvar a democracia já numa altura em tinha dificuldades em nomeá-la. E só o esforço conjunto de diversos congressistas e membros de topo do partido – a que acabaram por aliar-se os maiores doadores – fez com que finalmente Biden decidisse afastar-se. Para os analistas, evidentemente que Biden é o primeiro responsável pelo eventual fracasso da candidatura da sua vice-presidente, Kamala Harris.

“Ela é experiente, ela é dura, ela é capaz”

Biden, aos 81 anos, o presidente mais velho da história dos Estados Unidos foi recebido com gritos, aplausos e música no Rose Garden (anexo à Casa Branca) após o discurso, antecipando aquilo que parecia ser uma festa de despedida.

O candidato republicano, Donald Trump, foi lesto a reagir, dizendo num post na sua plataforma Truth Social que o discurso de Biden foi “quase incompreensível e muito mau!” Antes, disso, e em plena campanha, Trump atacou a rival democrata, que classificou como uma “lunática radical de esquerda”. Era claro que Trump teria de enveredar pelo aumento da tensão política, depois de Kamala Harris ter passado os dois dias anteriores a chamar a atenção para as condenações em tribunal de que Trump tem sido alvo.

De qualquer modo, Harris não tem motivos para estar descontente: tem pelo menos uma sondagem em que se encontra à frente de Trump (apesar de ainda dentro da margem de erro), arrecadou 126 milhões de dólares de donativos desde domingo (com 64% dos doadores a fazerem a sua primeira contribuição) e ficou a saber (pela NBC News) que o ex-presidente Barack Obama deverá em breve endossar Harris como candidata presidencial e surgirá ao seu lado algures na campanha. Neste contexto, o Comité Nacional Democrata concordou em nomear formalmente Kamala Harris como candidata já em 1 de agosto – antecipando assim procedimentos que fariam a campanha perder tempo.

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