Europa em Portugal - Vale da Rosa

3 meses atrás 53

Uma turma de trabalhadores migrantes da empresa Vale da Rosa voltou à escola, ao Politécnico de Beja. Frequentam um curso de técnico superior em tecnologia e alimentação, curso desenhado à imagem da empresa.

É mais um dia de aulas. De manhã houve trabalho na exploração, a tarde vai ser dedicada a aprender técnicas de embalamento. O autocarro já está de motor ligado e ar condicionado no máximo. Não dá para ser de outra maneira, diz o motorista.

O senhor Carlos estacionou no sítio do costume, mesmo à entrada do Vale da Rosa. A herdade de Ferreira do Alentejo ainda não começou mais uma campanha de uva sem grainha. Ali há trabalho durante o ano inteiro, fora da época de colheita, diz a responsável Ivone Torrado.

A turma do Vale da Rosa no autocarro. FOTO: António Jorge

Neste momento os trabalhadores, quase todos migrantes, são quase duzentos. Mas do fim de junho até novembro devem rondar os seiscentos. Ivone Torrado queixa-se da flutuação de mão-de-obra. No fim da colheita da uva, muitos vão embora, o que é normal, diz. Mas o que dá trabalho é irem recursos que vão ter de ser substituídos e a quem vão ter de ser explicados alguns processos, tudo de novo, outra vez.


Para tentar evitar esse ciclo a empresa e o Instituto Politécnico de Beja juntaram-se para encontrar uma solução. O IPB criou um curso técnico profissional quase à imagem das necessidades da empresa e assim, quinze trabalhadores do Vale da Rosa regressaram à escola, ao Politécnico. Fátima Carvalho, presidente do Instituto, está orgulhosa do resultado, considera um exemplo de boas práticas de integração de migrantes.

Entrevista de António Jorge a Fátima Carvalho e a Ivone Torrado
Com o apoio do PRR, há aulas que acontecem no contexto da empresa, em Ferreira outras na Escola Superior Agrária. É o caso de hoje. O motorista do autocarro do IPB vem buscar a turma. São sobretudo migrantes da Venezuela. Mas também há portugueses no grupo e uma enfermeira da Albânia, a Alda. Senta-se no autocarro, num lugar muito próximo de Nelson.

Nelson tem 42 anos. Nunca imaginou vir para Portugal estudar. Há cinco anos abandonou a Venezuela com a mulher e dois filhos. Foram para a Colômbia, como Alexa, que também vai no autocarro para Beja. O Vale da Rosa começou a recrutar mão-de-obra na americana do Sul há uns anos. Venezuela, Chile, Colômbia…onde houvesse experiência com vinhas. Foi há um ano que Nelson foi a uma entrevista de emprego para a Vale da Rosa, lá na Columbia. Veio sozinho. Em julho virá o seu filho, e depois o resto da família. Até lá ganha competências para o futuro, um diploma reconhecido em toda a europa.

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