Faz hoje 20 anos do infame déjà vu português

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Déjà vu, expressão francesa que significa «já visto». Expressão usada pela primeira vez pelo psicólogo francês Émile Boirac no livro «L'Avenir des sciences psychiques» [O futuro das ciências psíquicas] e que define a ilusão de já ter vivido um acontecimento ou situação que está, de facto, a viver pela primeira vez na vida.

Esse estranho sentimento de déjà vu foi o que viveu Portugal a 4 de julho de 2004. A cidade era outra, o estádio não era o mesmo, os onzes eram diferentes, o árbitro era novo, o resultado não foi bem igual, mas todos os portugueses perguntaram-se: «Como é que isto foi acontecer outra vez?»

Murro no estômago, take 1

Recuando no tempo até 12 de junho de 2004, portugueses e gregos tinham dado o pontapé de saída do Euro 2004 no Estádio do Dragão, cidade do Porto. Os anfitriões tinham feito as honras da casa e ofereceram dois golos de vantagem aos visitantes, só reduzindo já perto do final por intermédio da jovem estrela da equipa, Cristiano Ronaldo.

@Getty /

Portugal em choque, com a continuidade na prova em causa, obrigou o treinador Luís Filipe Scolari a efetuar uma verdadeira revolução no onze, apostando predominantemente nos jogadores que tinham ajudado o FC Porto a vencer a Liga dos Campeões poucas semanas antes.

A vitória sobre a Rússia (2-0) seguida por uma vitória sobre a Espanha (1-0) colocou Portugal na segunda fase juntamente com os gregos, que empataram com os espanhóis (1-1) e perderam com os russos, mas beneficiaram da derrota espanhola no último jogo para passar para os quartos de final.

Murro no estômago, take 2

@Getty / Andreas Rentz

Depois de deixarem ingleses e holandeses pelo caminho, os portugueses voltaram a encontrar os gregos pela frente no dia da grande final. Preparados para superarem o trauma da derrota no primeiro jogo, a equipa das Quintas tentava repetir a façanha holandesa em 1988 que depois da derrota na estreia com a União Soviética no jogo inaugural tinha conseguido a vingança na final (vitória por 0-2).

No jogo da grande final, Portugal inteiro parou e o favoritismo pendia claramente para o lado lusitano. Os gregos, diziam muitos, seriam incapazes de vencer os portugueses na sua casa por duas vezes consecutivas.

Mas Angelos Charisteas tinha outras ideias e, aos 57´, na sequência de um canto, antecipou-se a Costinha e Ricardo para cabecear para a baliza dos portugueses.

Com muito mais coração do que cabeça na reação, Portugal nunca pareceu ser capaz de recuperar o soco estômago, vivendo no medo do erro, de perder a grande final em casa e passar ao lado da história.

Quando Markus Merk apitou para o final, os gregos festejavam desenfreadamente no relvado, enquanto as lágrimas lusitanas corriam mundo. De norte a sul, a «Ocidental Praia Lusitana» vivia momentos de frustração, perguntando-se como tal tristeza podia acontecer... Novo jogo com os gregos e a velha e repetida sensação de tristeza.

Leia aqui a história do Euro 2004: o Olimpo em Lisboa

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