A assembleia geral de acionistas da Global Media anunciada no final da semana pelos acionistas minoritários foi convocada esta quarta-feira para, entre outros pontos, colocar à votação a realização de um aumento de capital de 5 milhões de euros, mais concretamente “5.000.001,59 euros (cinco milhões e um euro e cinquenta e nove cêntimos), por novas entradas em dinheiro". Esse reforço será para "realizar no prazo que vier a ser fixado pela assembleia geral, com respeito pelo direito de preferência dos acionistas”.
A convocatória, para o dia 19 de fevereiro, foi remetida por dois dos três principais acionistas minoritários da Global Media – Kevin Ho, detentor da KNJ Global, e José Pedro Soeiro - que, numa carta enviada ao presidente da mesa da assembleia geral, Fernando Aguilar de Carvalho, dizem também que pretendem “proceder à apreciação da situação económica e financeira da sociedade”, assim como proceder à apreciação da administração da sociedade e deliberar sobre a destituição do atual conselho de administração, com ou sem justa causa”.
Pretendem também que haja nesse mesmo encontro de acionistas a “eleição de novos membros do conselho de administração” e “de novos membros do conselho fiscal”.
Cumpre-se assim a ameaça de avançar com um pedido de destituição de José Paulo Fafe, presidente executivo do grupo e representante do maior acionista, o fundo de investimento World Opportunity Fund (WOF). A administração neste momento tem apenas quatro membros – Fafe, como presidente executivo, Marco Galinha, presidente do conselho de administração e ainda os próprios Kevin Ho e José Pedro Soeiro.
Os dois acionistas que convocam a assembleia geral são detentores de uma posição direta no grupo de 49,75% - os outros 50,25% são detidos pela Páginas Civilizadas, empresa controlada em 51% pelo WOF. Marco Galinha é outro dos principais acionistas minoritários, detendo 17,59% por via indireta através da sua participação na Páginas Civilizadas.
O empresário, proprietário do grupo BEL, está alinhado com Kevin Ho e José Pedro Soeiro, que explicam na carta enviada ao presidente da assembleia geral os motivos que os levaram a avançar com a “urgente convocação” deste encontro de acionistas: “a grave situação de instabilidade financeira e laboral que vem afetando a Global Notícias - Media Group, com dificuldades de tesouraria, salários em atraso e greves de trabalhadores, a que se somam sucessivas demissões de membros dos seus conselhos fiscal e de administração, reflexo do evidente esgotamento da capacidade da atual gestão executiva para encontrar as melhores soluções para o futuro da sociedade”.
Entretanto, noutro patamar está a deliberação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) sobre a transparência da propriedade do WOF. O regulador dos media esclareceu esta quarta-feira que “no âmbito do processo administrativo em curso para a aplicação do artigo 14º da Lei da Transparência - Identificação da cadeia de imputação de participações sociais na Global Notícias - Media Group –, recebeu respostas de vários acionistas do grupo”. Adiantou que “a documentação remetida encontra-se a ser analisada pela ERC” e que “ainda decorre o prazo legal para os diferentes visados neste processo administrativo remeterem ao regulador as respetivas pronúncias".
Caso a informação recebida pelo regulador seja considerada insatisfatória ou insuficiente avançará a suspensão automática dos direitos patrimoniais e de voto do WOF, ficando assim a gestão a cargo dos acionistas minoritários.
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