Goethestrasse

2 meses atrás 47

Não há pachorra para garotos armados em nazis neste país onde há muito o Deutshland Über Alles foi proibido e silenciado.

MUNIQUE – Regresso do estádio já noite longa, embico pela Goethestrasse, uma paralela da Shillerstrasse onde fiquei instalado há mais de três semanas quando o Europeu começou, ficam bem Shiller e Goethe lado a lado, há um cheiro agradável a comida turca, kebbabs e shwoarma, já não sei quem disse que neles a carne está tão viva que até sua. Gente espalhada pela rua, esplanadas ainda abertas, cachimbos de água, bêbados a esmo sentados no chão agarrados a latas de cerveja e a garrafas de vinho como se a sua vida dependesse delas. Um fedelho de cabelo rapado à escovinha cuspilha-me insultos gratuitos. Tem uma cara opada, olhos azuis descoloridos plenos de uma estupidez intrínseca, balança-se entre uma perna e outra à beira de cair. Fito-o com curiosidade mas não lhe respondo. Nentes que se escama o gajo e nunca mais daqui saio e estou cansado demais para andar ao soco. Não há pachorra para garotos armados em nazis neste país onde há muito o Deutshland Über Alles foi proibido e silenciado. Que faz ele aqui, nesta via de Munique onde as etnias se misturam? Procura problemas, uma cena de pancadaria, uma revolta interior contra si mesmo e contra a sua pequenez? Talvez consiga. Quando acordo mais tarde com o som das sirenes, não sei se da polícia ou de uma ambulância, penso nele, pobre tolo de cérebro desfeito em álcool sem lugar onde se consiga sentir homem se não à custa de desprezo pelos outros. Já tinha idade para saber que o sofrimento é a promessa que a vida cumpre sempre. 

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