Goldman Sachs prevê impacto negativo no capital e lucros do Santander e BBVA com queda do peso argentino

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O Goldman Sachs avaliou o impacto da desvalorização do peso argentino nos bancos espanhóis BBVA e Santander.

O Goldman Sachs avaliou o impacto da desvalorização do peso argentino nos bancos espanhóis BBVA e Santander.

“Conforme noticiado na imprensa, a Argentina desvalorizou o peso em 54% em relação ao dólar, passando a taxa de câmbio oficial para 800 ARS (peso argentino/USD (dólar)”, começa por dizer o Goldman Sachs.

Tanto o Santander quanto o BBVA operam na Argentina e “estimamos o impacto nos lucros do exercício deste ano em 2% para o Santander e 1% para o BBVA”.

“Em termos de rácio de capital, estimamos o impacto em cerca de 7 bps para Santander e cerca de 11 bps para o BBVA”, revela o banco norte-americano.

“Tendo em conta este impacto nos fundos próprios, ambos os bancos continuariam a situar-se significativamente acima dos seus requisitos regulamentares de fundos próprios”, acrescenta.

“Para o BBVA, estimamos que o impacto no CET1 de uma desvalorização de 50% no peso argentino seria de cerca de 11 bps e o impacto nos lucros do grupo de 2023 seria de cerca de 1,2%. Em termos de resultados, nos nove meses o BBVA reportou um lucro líquido para a Argentina de 138 milhões de euros (ajustado pela hiperinflação); aumentar este número até um pressuposto para o ano fiscal de 184 milhões de euros e depois reduzir para metade a contribuição em euros (para a desvalorização cambial prevista) levaria a um impacto negativo nos lucros de 92 milhões de euros (1,2% da nossa previsão para o ano fiscal de 2023)”, refere o Goldman Sachs.

Este impacto é anterior a qualquer hipótese de ajustamentos inflacionistas a efetuar no quarto trimestre.

Relativamente ao capital, o BBVA tinha 1,4 mil milhões de euros de valor contabilístico na Argentina nas contas de setembro. O impacto no rácio de capital do grupo BBVA reflecte a interação entre a redução do valor contabilístico da filial local e a redução do valor dos ativos ponderados pelo risco (RWA) em moeda argentina, revela o Goldman Sachs.

“Para o BBVA na Argentina, cerca de 75% dos 6,7 mil milhões de euros de RWA estão em pesos argentinos, pelo que o nível de capital argentino ao qual se repercute uma desvalorização cambial a nível do Grupo é de cerca de 760 milhões de euros”, estima o Goldman Sachs.

“Uma redução para metade do valor desta posição de capital aberto de 760 milhões de euros na nossa previsão dos activos ponderados pelo risco do Grupo para o exercício de 2023 (360,9 mil milhões de euros) é equivalente a um vento contrário de 11 pontos base para o rácio de capital CET1. Pro forma para o impacto da desvalorização, isto deixaria o CET1 dos nove meses até setembro em 12,62%, 353 pontos base acima do último requisito regulamentar (9,09%) e 60 a 110 bps acima do intervalo alvo do BBVA (11,5%-12%)”, lê-se na análise.

Já para o Santander, “notamos que 1,9 mil milhões de euros de capital próprio equivalem aproximadamente a 30 pontos base do CET1 do Grupo (assumindo que não há ajustamentos). No entanto, dado que prevemos que 80%-90% dos activos ponderados pelo risco da Argentina sejam denominados em moeda local, o impacto no CET1 poderá provavelmente ser mais limitado”.

“Simplificando, tomando os 6,2 mil milhões de empréstimos divulgados pela Santander  para a Argentina e multiplicando por uma densidade de risco de cerca de 170% (em linha com os activos ponderados pelo risco/empréstimos do BBVA Argentina), e assumindo que 85% destes são em pesos argentinos, isto implicaria um impacto de 7 pontos base no CET1, dada uma desvalorização cambial de cerca de 50%, de acordo com os nossos cálculos. Pro forma para o impacto da desvalorização, isto deixaria o CET1% de setembro em 12,21%, 261 bps acima do último requisito regulatório (9,60%) e 21 bps acima do objetivo do banco (12,0%)”, referem os analistas do banco norte-americano.

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