Grande Entrevista. Exoneração da Santa Casa foi uma surpresa para Ana Jorge

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Numa primeira reunião, a 12 de abril, Ana Jorge disse ter ficado com a convicção de que se manteria como provedora da Santa Casa.

“A situação na Santa Casa estava a ficar mais composta, transmiti que poderia continuar”, explicou Ana Jorge, acrescentando que a uma pergunta da ministra do Trabalho disse não estar nos seus planos levar a cabo despedimentos.

“Eu disse-lhe que não pensava despedir ninguém”. Dias depois, a 19 de abril, numa segunda reunião seria questionada sobre a disponibilidade para colocar o lugar à disposição.

A explicação da ministra do Trabalho foi que “o Governo tinha decidido mudar a mesa toda”.

“A senhora ministra disse que o Governo tinha decidido mudar a mesa – é uma competência que o Governo tem”, argumentou Ana Jorge. “Não é habitual mas não posso contestar”.

“O que me perguntou é se eu queria pôr o lugar à disposição (…) ou se não e tinha de ser exonerada e tinha o despacho pronto até à seis da tarde”, continuou.

Segundo Ana Jorge, pediu tempo para pensar na resposta. “Também tenho de falar com os meus colegas de mesa. Nós somos uma equipa”.

“Foi decidido que nenhum de nós punha o lugar à disposição”.

Questionada sobre a possibilidade de vir a processar judicialmente a ministra por esta decisão, a antiga provedora da Santa Casa assegurou que não estava a “pensar nisso” e que não vê a exoneração como um “saneamento político”.

Eles queriam mudar a mesa e têm esse poder. Não sei exatamente o que se passou entre o dia 12 e o dia 19. Gostaria de saber”, comentou ainda.

No despacho é de exoneração é acusada de atuações gravemente negligente que afetaram a gestão da Santa Casa. Ana Jorge diz que “isso não é verdade”.

Quanto às acusações de ter danado a instituição, Ana Jorge negou ter afetado “a gestão da Santa Casa”. Admitiu então que, quando assumiu funções, teve uma “surpresa muito grave”.

“A [Santa] Casa já estava em grande sofrimento por desorganização ou falta de orientação”
, apontou. “O que descobrimos foi inimaginável: um desastre financeiro; um desastre de organização; trabalhadores revoltados”.

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