Os analistas do banco alertam para a “pobre rentabilidade em certas regiões” e para a estratégia de rotação de ativos que implica um trocar ativos maduros rentáveis por ativos novos com “lucro líquido limitado”. EDPR recua mais de 3% na bolsa de Lisboa. GS aumentou preço-alvo do grupo EDP.
O Goldman Sachs (GS) cortou a recomendação da EDP Renováveis para ‘neutra’, mas manteve o preço-alvo a 12 meses nos 19,50 euros, um potencial de valorização acima de 10% face ao fecho anterior.
“Vemos mais valorização noutros locais e assim cortamos a ação para ‘neutra’ (de ‘comprar’)”, escrevem os analistas do banco norte-americano.
O GS argumenta que já poderão ter sido atingidos os picos das taxas de juro e que um cenário de taxas de juro elevadas favorece “ativos de longa duração, de capital intensivo, especialmente os que registam crescimento duradouro (eletrificação) como as renováveis”.
Já as receitas deverão recuperar em 2024, preveem os analistas. “Antes dos ganhos da rotação de ativos, estimamos um crescimento de 25% do EBITDA, mais do que dobrando o lucro líquido, graças a preços de energia resilientes (…) e adições de capacidade”, pode-se ler.
Mas os analistas também deixam um alerta sobre a estratégia de rotação de ativos, considerando que limita a rentabilidade da empresa. “Entre 2024-2026, esperamos um ROIC (retorno sobre capital investido) de cerca de 7% antes dos ganhos de rotação de ativos. Na nossa opinião, este nível de rentabilidade abaixo dos peers reflete a estratégia de rotação de ativos – com desinvestimento em projetos mais antigos onde os lucros têm beneficiado de uma atualização da inflação para acrescentar novos ativos que entregam um lucro líquido limitado – e a pobre rentabilidade em certas regiões. Acreditamos que um uso menos proeminente da rotação de ativos, a renegociação de contratos PPA e o arranque das baterias vai eventualmente (fortemente) melhorar a rentabilidade”, segundo a nota.
Ao mesmo tempo, o banco anunciou uma revisão em alta do preço-alvo do grupo EDP em 10 cêntimos para 5,40 euros.
A contribuir para esta revisão em alta está a “maior contribuição” da energia hídrica na Península Ibérica, com maiores volumes e preços mais elevados, e também uma redução da dívida líquida.
O GS identifica vários riscos para a operação da EDP: atrasos no programa de fomento dos EUA, o IRA; adição de nova capacidade abaixo do esperado; depreciação do dólar e do real; preços de energia abaixo do esperado; taxas de juro soberanas mais altas o que aumentaria a taxa de desconto, o que é “negativo numa indústria de capital-intensivo”.
A ação da EDP está a recuar 0,77% para 4,50 euros esta segunda-feira na bolsa de Lisboa, com a EDP Renováveis a perder 3,22% para 17,11 euros.