"Estes desenvolvimentos comprometem ainda mais o acesso humanitário e agravam uma situação já trágica", acrescentou Farhan Haq, que também denunciou os disparos "indiscriminados" de lança-foguetes do movimento islamita palestiniano Hamas.
Nas mesmas declarações, o porta-voz reiterou os apelos à proteção de toda da população civil da Faixa de Gaza.
Em paralelo, o Governo dos Estados Unidos manifestou preocupação pelo ataque contra um veículo da ONU em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, que provocou a morte de um trabalhador estrangeiro que integrava o serviço de segurança e proteção das Nações Unidas (UNDSS). Tratou-se da primeira morte de um funcionário internacional da ONU no território palestiniano desde o início da guerra, a 07 de outubro de 2023.
"Os Estados Unidos estão profundamente preocupados pelo ataque a um veículo das Nações Unidas em Gaza que matou um trabalhador humanitário e feriu outro", disse hoje o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, na rede social X.
A ONU precisou que o veículo foi atingido a caminho do hospital europeu de Rafah.
O porta-voz da ONU em Genebra, Rolando Gomez, afirmou também hoje que António Guterres tinha "apelado a uma investigação completa" deste caso.
"Queremos que os responsáveis sejam responsabilizados. (...). Os trabalhadores humanitários internacionais não são alvos. Estes ataques têm de acabar", disse.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 35.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.
A retaliação israelita está a provocar uma grave crise humanitária em Gaza, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que já está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
Rafah, na fronteira com o Egito, é o principal ponto de passagem da ajuda humanitária para Gaza e onde se refugiaram mais de um milhão de deslocados palestinianos oriundos de outras zonas do território.
Apesar dos apelos internacionais, Israel mantém a ação militar em Rafah, onde diz que estão as últimas unidades ativas do grupo extremista palestiniano Hamas.
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