Hepatite C continua a ser detetada muito tarde em Portugal

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A hepatite C continua a ser detetada muito tarde, em Portuga. Cerca de quatro em cada 10 doentes que iniciam o tratamento já sofrem de fibrose e até cirrose hepática.

É uma dado que consta do relatório que é apresentado pela Direção-Geral da Saúde (DGS), esta quinta-feira.

A situação já foi pior, mas, segundo o diretor do programa para as hepatites virais, continua a ser preocupante.

À Renascença, Rui Tato Marinho explica que as pessoas que são diagnosticadas muito tarde "vão manter o risco de virem a ter cancro do fígado", mesmo depois do vírus ter sido eliminado.

Para o especialista, o número atual de diagnósticos tardios é "elevado, de modo que reforça a nossa necessidade de fazer mais e mais testes pelo menos uma vez na vida".

Em Portugal, há cada vez mais gente a fazer testes de rastreio e de diagnóstico precoce de hepatite B e hepatite C, mas é preciso mais e também é preciso aumentar as análises ao fígado nos hospitais e nos centros de saúde.

"Um dos objetivos do programa é aumentar os testes e passar a mensagem que as pessoas têm de fazer análises pelo menos uma vez na vida e incluir as análises do fígado - a chamada ALT - nas análises ditas de rotina", refere o diretor do programa para as hepatites virais.

Um dos objetivos do programa da DGS para este ano é garantir o aceso ao tratamento da hepatite C no momento da sua prescrição. Para já, esse prazo foi encurtado para metade, em cerca de dois meses.

E depois de uma queda, o número de doentes tratados "recuperou", segundo Rui Tato Marinho.

Em 2022, foram registados na região europeia 6,2 casos de hepatite C por 100.000 habitantes. É um valor bastante superior ao registado em 2021, com 4,7 casos confirmados de hepatite C por 100.000 habitantes.

Em Portugal, os números são bastante inferiores: com 1,6 casos confirmados de hepatite C por 100.000 habitantes.

Ainda assim, Rui Tato Marinho acredita que a meta de erradicar a hepatite C nos próximos seis anos é "praticamente impossível", mesmo a nível mundial.

"Vamos é conseguir, como a Organização Mundial de Saúde fala, reduzir a mortalidade e o número de novos casos", aponta.

A doença hepática no seu conjunto, incluindo as comorbilidades, o consumo excessivo de álcool e o fígado gordo, continua a ser uma das mais importantes causas de mortalidade, globalmente.

Analisando apenas os dados europeus, as estimativas mais recentes apontam para que 3,6 milhões de pessoas vivam com hepatite B crónica e que 1,8 milhões de pessoas vivam com hepatite C crónica nos 30 países da União Europeia/Espaço Económico Europeu.

Apesar dos dados europeus apontarem para uma diminuição da incidência, essencialmente graças aos esforços de prevenção, dos programas de vacinação contra a hepatite B e do tratamento contra a hepatite C, verifica-se que, a longo prazo, a morbilidade e mortalidade provocadas por estas infeções continuam a aumentar, e que as metas internacionais da OMS até 2030 poderão não ser atingidas.

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