Inditex em máximos na bolsa mas sem margem para crescer

7 meses atrás 97

Os papéis da retalhista galega atingiram os 40,89 euros, mas os analistas estão céticos quando à possibilidade de o grupo continuar a crescer, face às previsões negativas para o sector do retalho.

O preço em bolsa da Inditex, grupo têxtil de origem galega, ultrapassou esta semana os 40 euros pela primeira vez desde que entrou no mercado, novo máximo histórico que renova o alcançado há poucos dias atrás. Mas as avaliações dos especialistas que acompanham o grupo não foram contagiadas pelo otimismo dos investidores, e o preço-alvo médio mantém-se nos 40,89 euros, segundo dados coligidos pela Bloomberg.

Desde o início de 2024, cinco consultoras analisaram os títulos da Inditex. Três delas atribuem-lhe um preço-alvo de 42 euros (CaixaBank, Société Générale e Bernstein), mas nenhuma destas avaliações pressupõem um aumento do valor da Inditex. A Alphavalue, que também analisa a evolução da indústria têxtil, faz mesmo um ligeiro corte na avaliação: dos anteriores 35,90 euros para os 35,40 euros da última revisão.

Foi em meados de dezembro do ano passado que a Inditex bateu um recorde de valorização, ultrapassando pela primeira vez a barreira dos 40 euros. Researchs da DZ Bank, Jefferies e HSBC atribuíram-lhe – e ainda não alteraram este valor – um preço-alvo de 44 euros.

Aparentemente, e segundo o jornal “El Economista”, o que está a impedir o aumento do valor-alvo da Inditex é a queda no sector do retalho em bolsa, que esta quarta-feira foi pressionado pela descida dos papéis da H&M após divulgar resultados que dececionaram o mercado. O abrandamento das vendas do grupo sueco – resultado do aumento da inflação generalizado a todos os mercados onde opera, mas também a demissão da CEO Helena Helmersson e um dividendo abaixo do esperado (cerca de 0,57 euros por ação, contra os 0,59 esperado) foram algumas das razões que levaram a principal rival da Inditex a perder mais de 10% em bolsa.

“Continuamos a achar que as vendas e as margens da H&M são fracas, e o novo CEO não será necessariamente encarregado de tomar medidas radicais para mudar isso”, disse William Woods, analista da Bernstein, em nota divulgada pela Bloomberg.

Com um free float inferior a 40%, a Inditex voltou a conseguir posicionar-se como a empresa cotada com maior peso no Ibex 35 (14,4%), algo que a Iberdrola vinha tendo mas não conseguiu para já (13,7%).

Os resultados de 2023 da Inditex só serão divulgados a 13 de março, uma vez que, como habitualmente, o encerramento do ano fiscal ficará a cargo do grupo têxtil, que normalmente é a última a reportar ao mercado.

Assim, e apesar de as estimativas para o sector do retalho não serem promissoras para 2024, com ” custos salariais crescentes e uma perspetiva de consumo medíocre”, nas palavras de Tatiana Lisitsina e Charles Allen, da Bloomberg Intelligence, o consenso entre os analistas prevê um lucro líquido de 5.355 milhões no final de 2024, o que é quase 30% acima do que o esperado para 2023, e um novo lucro recorde.

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