Juíza é lesada do BES. “Veja se consegue comprar uma mala” com o valor das ações, respondeu

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O assunto já tinha sido trazido a julgamento no primeiro dia, pela mão da defesa de Ricardo Salgado. Desta vez, teve resposta. A defesa dos arguidos suíços no processo BES/GES fez referência esta quarta-feira às ações que a juíza Helena Susana perdeu no BES, dando a sugerir que a magistrada também é lesada do banco.

A presidente do coletivo de juízes não se fez ficar e fez uma recomendação a Tiago Rodrigues Bastos, o advogado que representa os arguidos Etienne Cadosch, Michel Creton e a sociedade Eurofin: “ver quanto é que valem 500 e tal ações, passar na Avenida da Liberdade e ver se consegue comprar uma mala com isso”.

A defesa de Salgado chegou a pedir escusa para que a juíza fosse afastada do caso, indicando que Helena Susano detinha 560 ações do banco, mas o Tribunal da Relação decidiu que isso não afetava a sua imparcialidade. Em junho de 2014, o valor de cada ação do BES estava nos 12 cêntimos, o que resulta em cerca de 67 euros e 20 cêntimos.

O advogado Tiago Rodrigues Bastos também abordou a questão de saúde de Ricardo Salgado, considerando que esta “não é um facto inócuo" e pode ter implicações sobre os restantes acusados.

"A questão de saúde de Ricardo Salgado não é indiferente a este processo, na medida em que todos aqui estamos à volta dele, numa comparticipação dos factos dele. Se ele não está em condições de se defender, isso não é um facto inócuo", disse o advogado Tiago Rodrigues Bastos, aludindo ao diagnóstico de doença de Alzheimer do ex-presidente do Banco Espírito Santo, na exposição introdutória no segundo dia do julgamento no Juízo Central Criminal de Lisboa.

O mandatário dos arguidos Etienne Cadosch, Michel Creton e a sociedade Eurofin salientou também que "o tribunal não pode deixar de considerar que Ricardo Salgado não está em condições de representar uma pessoa coletiva [Espírito Santo Irmãos] que é aqui arguida" e argumentou que a tese do Ministério Público, nomeadamente a associação criminosa, "não tem nenhuma adesão à realidade".

"Alguém está a imaginar Ricardo Salgado a chamar uma série de pessoas para que dividissem as tarefas nos crimes? A pessoa que, segundo o MP, geria de forma autocrática?", questionou.

O antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, é o principal arguido do caso BES/GES e responde em tribunal por 62 crimes, alegadamente praticados entre 2009 e 2014.

Entre os crimes imputados contam-se um de associação criminosa, 12 de corrupção ativa no setor privado, 29 de burla qualificada, cinco de infidelidade, um de manipulação de mercado, sete de branqueamento de capitais e sete de falsificação de documentos.

Além de Ricardo Salgado, estão também em julgamento outros 17 arguidos, nomeadamente Amílcar Morais Pires, Manuel Espírito Santo Silva, Isabel Almeida, Machado da Cruz, António Soares, Paulo Ferreira, Pedro Almeida Costa, Cláudia Boal Faria, Nuno Escudeiro, João Martins Pereira, Etienne Cadosch, Michel Creton, Pedro Serra e Pedro Pinto, bem como as sociedades Rio Forte Investments, Espírito Santo Irmãos, SGPS e Eurofin.

Segundo o Ministério Público, a derrocada do GES terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.

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