Junta de Santa Maria Maior, em Lisboa, mantém prudência quanto à marcha ligada à extrema-direita

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A Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa, mantém a recomendação de prudência aos residentes e comerciantes da Mouraria, apesar de a Câmara Municipal ter proibido a manifestação convocada por grupos ligados à extrema-direita.

"Não sabemos se, depois, os promotores desta manifestação irão ou não acatar ou querer forçar uma manifestação não autorizada", justifica Miguel Coelho (PS), presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, que reúne as zonas do centro histórico de Lisboa e é uma das mais multiculturais da cidade.

Em declarações à Lusa, o autarca concretiza que a cautela passa por "não reagirem a provocações" e, "se necessário, estarem, durante o período da manifestação, se ela acontecer, dentro das suas casas ou estabelecimentos".

Miguel Coelho vai mais longe: "Se necessário mesmo -- é o conselho que eu daria se eu tivesse aqui um negócio -- fechar a porta a essa hora".

Isto porque "é uma manifestação de ódio" e, nesse contexto, "nunca se sabe o que pode acontecer", assinala, frisando que também não considera adequada a contramanifestação promovida para o próprio dia.

Em resposta à marcha anunciada por grupos ligados à extrema-direita, coletivos antirracistas decidiram promover uma manifestação de "pessoas de todas as cores" para o mesmo dia e mesma zona.

"Está-se mesmo a ver que há um caldo que está criado para situações de confronto e de caos, que é tudo aquilo de que não precisamos aqui neste território, onde as pessoas são pacíficas, onde há uma convivência entre as pessoas", realça Miguel Coelho.

"O que os extremismos querem é, precisamente, cenas de confronto, de confusão na via pública, uma espécie de guerrilha urbana informal", recorda.

O presidente da Junta de Santa Maria Maior não duvida da "manifesta inconstitucionalidade" da manifestação apresentada como sendo "Contra a islamização da Europa", que foi convocada por grupos ligados à extrema-direita para o próximo sábado.

A iniciativa -- considera -- "fomenta o ódio" e põe também "em risco a segurança e os bens das pessoas".

Na sexta-feira, a Câmara Municipal de Lisboa comunicou que não autoriza a realização da manifestação, que pretendia percorrer as ruas da Mouraria e a zona do Martim Moniz.

Na base da decisão está um parecer da Polícia de Segurança Pública (PSP), "claro ao salientar um elevado risco de perturbação grave e efetiva da ordem e da tranquilidade pública".

O pedido de parecer à PSP é o processo aplicado a todas as iniciativas no espaço público, indicou a autarquia lisboeta.

A organização da marcha tem gerado preocupação entre a comunidade imigrante.

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