Mãe de gémeas admite "impressão" de ter tido ajuda. "Ouvia-se"

5 meses atrás 48

A mãe das gémeas luso-brasileiras com atrofia muscular espinhal que foram tratadas com Zolgensma, um medicamento que custa mais de dois milhões de euros, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, admitiu, em entrevista à RTP, ter ficado com a "impressão" de que poderia ter tido "ajuda" no acesso da terapêutica, uma vez que essa hipótese era falada "nos corredores" da unidade hospitalar.

"Tive a impressão, como era falado nos corredores do Santa Maria, de que tive alguma ajuda. Ouvia-se essa conversa lá. Tinha a impressão que pudessem ter feito alguma requisição", equacionou.

"O doutor José Paulo tinha encaminhado para uma secretária, não sei se era Ministério, secretaria da Saúde. Tinha feito um caminho; enviámos para eles. Estávamos a tentar encontrar o caminho que tinha de ser feito. Então, foram distribuídos vários e-mails. E não me surpreendeu a consulta, porque foi o resultado de todos esses pedidos. Nunca disse que tinha contactos com o doutor Nuno Rebelo de Sousa", garantiu, referindo-se ao filho do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Ainda assim, a mulher admitiu que pediu ajuda "de maneira indireta", ao mesmo tempo que ressalvou que as súplicas chegaram "a pessoas" fora do seu controlo.

"Pedi de maneira indireta. Pedi a todas as pessoas, não estou a dizer que não pedi. Tinha um grito de socorro. Tenho e-mails que também nem foram mandados por mim, foram mandados pela minha prima, pessoas que vivem em Portugal, a tentar descobrir o caminho que tinha de ser seguido. Tenho e-mail aos médicos. Disponibilizei todos esses e-mails com pedidos, e chegou a pessoas que não tenho controlo. É uma corrente", disse.

Recorde-se que, na sua comunicação ao país, o chefe de Estado traçou a linha temporal da intervenção da Presidência no caso, depois de o programa da TVI Exclusivo ter dado conta de que as gémeas tinham sido tratadas em Portugal por sua influência.

De acordo com Marcelo, a documentação enviada pelo filho foi reencaminhada para a Casa Civil no dia 21 de outubro. A resposta chegaria dois dias depois, tendo sido garantido a Nuno Rebelo de Sousa que o processo foi recebido, mas que estavam a ser "analisados vários casos do mesmo tipo", com capacidade de resposta "limitada".

O filho de Marcelo contactou novamente a Casa Civil, tendo o organismo apontado que "a prioridade é dada aos casos portugueses, daí que não tenham sido contactados, nem devam ser", uma vez que as crianças não se encontravam no país. Os pais das meninas foram informados, e assim terminou a intervenção da Presidência, de acordo com o chefe de Estado.

Sublinhe-se ainda que, no Brasil, o Tribunal Regional Federal decidiu que as menores não deveriam de receber o medicamento através do Estado, uma vez que a família não estava "em condição de pobreza e as crianças não [estavam] desassistidas".

Segundo confirmou a Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Notícias ao Minuto, "o processo encontra-se em investigação no Departamento Central de Investigação e Ação Penal Regional de Lisboa e, por ora, não corre contra pessoa determinada". O caso está também a ser averiguado pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), além de ser objeto de uma auditoria interna no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, do qual faz parte o Hospital de Santa Maria.

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