Make Trump Small, Again

1 mes atrás 57

A campanha eleitoral para as eleições presidenciais nos EUA é, sem margem para dúvida, “the best show in town”.

Por causa da importância do Presidente dos EUA, para a vida de todos nós, e graças à televisão 24/7, o show tornou-se planetário. Não nos podemos queixar da intriga: uma tentativa de homicídio do candidato Trump (13 de Julho), a desistência do incumbente (21 de Julho),  a candidatura de Kamala Harris (no mesmo dia), não desafiada por outros potenciais candidatos Democratas (a 22 de Julho já tinha os apoios suficientes para vencer a Convenção) …Até ao dia 5 de Novembro faltam dois meses e meio – uma eternidade na vida política – pelo que muitos episódios se desenrolarão até conhecermos o verdicto do povo americano.

A prática constitucional dos EUA já nos demonstrou o óbvio ululante: um sistema eleitoral maioritário em quase todos os Estados federados (com excepção do Maine e do Nebrasca, o candidato mais votado ganha todos os grandes eleitores do Estado), associado ao voto vinculado dos grandes eleitores e um favor na representação, não proporcional, dos diversos Estados, em particular dos que têm menos população, pode facilmente conduzir à eleição como Presidente do candidato que, a nível nacional, obtém menor número de votos individuais.

O sistema eleitoral deficitariamente proporcional faz concentrar a campanha eleitoral nos poucos Estados que podem decidir o resultado da eleição presidencial (Swing States). Dentro de cada um dos Swing States a diferença de votos entre os principais candidatos é reduzida e, por vezes mínima. Em 2020 Biden ganhou a Geórgia a Trump por 11 779 votos de diferença, tendo cada um recebido mais de 2,4 milhões de votos. Em 2024 os Swing States são 7: Arizona (11 votos no colégio eleitoral), Geórgia (16), Michigan (15), Nevada (6), Carolina do Norte (16), Pensilvânia (19) e Wisconsin (10).

A campanha eleitoral será fortemente condicionada pela necessidade de cativar os eleitores indecisos (leia-se moderados) destes Estados. Por essa razão Trump escolheu para o Ticket um Senador eleito pelo Ohio (J.D. Vance), um Estado com uma composição étnico-social e uma agenda política semelhantes à da maioria dos Swing States. Kamala Harris fez o mesmo, escolhendo para candidato a Vice-Presidente um nativo do Nebrasca, actual Governador do Minesota.

Se a desistência de Biden fez regressar a esperança aos Democratas, o boost de Kamala Harris nas sondagens também resulta da crescente falta de apetite dos eleitores pelo extremismo de Trump, mesmo na condição de auto-proclamado miraculado. A campanha de Harris está a tentar captar este voto moderado, revisitando a célebre pergunta “Compraria um carro usado a este homem?” usada contra Nixon, agora na versão “Sentar-se-ia num restaurante numa mesa ao lado da de Trump?”

A luta pelos Swing States não é uma luta pelos eleitores fiéis e já decididos, é uma luta pelo voto reticente de uma América, maioritariamente branca, de classe média baixa, que se considera esquecida e que desconfia profundamente de Washington. A agenda económica conta e não faltarão promessas de descidas de impostos e de benefícios fiscais (Kamala prometeu no Nevada a não tributação das gorjetas, uma ideia Republicana, em tempos anunciada por Trump…). Nas sondagens os Republicanos são considerados mais fiáveis em matéria de controlo da emigração (tema capital no Arizona) e de política económica pelo que a campanha de Trump irá centra-se nestes dois temas.

A campanha programática não afastará a propaganda negativa, com centenas de milhões de dólares gastos em anúncios televisivos, denegrindo o adversário. Não saia do seu lugar!

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