Marques Mendes destaca que AD quer “ser mais liberal na economia para ser mais ambiciosa no plano social”

8 meses atrás 94

Elogios à convenção da AD que se realizou no Estoril e críticas aos partidos que fazem “luta política contra a imigração”. Marques Mendes deu números do impacto da imigração sem nunca falar do Chega.

Luís Marques Mendes, no seu habitual comentário na SIC aos domingos analisou a convenção da AD, que se realizou hoje no Estoril e disse que a maior surpresa é que o líder da AD apresentou as bases do seu programa de Governo.

A AD promete descer IRS e IRC e melhorar saúde e educação com apoio de privados. A prioridade da AD será “menos impostos e melhores serviços públicos”, que também passarão pelo regresso das Parcerias Público-Privadas (PPP) na saúde e dos contratos de associação na educação. Montenegro reiterou o compromisso anunciado no último Congresso extraordinário de “valorizar as pensões seguindo os critérios da lei, valorizar mais aquelas que são mais baixas” e aumentar o valor de referência do Complemento Solidário para Idosos para 820 euros numa primeira legislatura e “igual ao Salário Mínimo Nacional” numa eventual segunda legislatura.

“A isto juntaremos políticas de envelhecimento ativo e o reforço dos apoios na compra de medicamentos”, defendeu Montenegro que entre as medidas prometidas para acabar com o problema do Serviço Nacional de Saúde está a atribuição automática de “um ‘voucher’ de consulta ou cirurgia sempre que se atinja o tempo máximo de resposta garantida”.

Marques Mendes considerou que a segunda maior surpresa do dia foi a presença inesperada de Pedro Santana Lopes, que o comentador considera positiva. Depois, salientou “os bons discursos de Paulo Portas e de Cecília Meireles, do CDS” e de “Carlos Moedas e Leonor Beleza, do lado do PSD”.

O discurso de Nuno Melo foi elogiado por Marques Mendes, “sobretudo no combate político ao Chega. Já se percebeu a divisão de tarefas nesta campanha: Nuno Melo faz o discurso de combate. Montenegro faz mais o discurso pela positiva”.

Marques Mendes elogiou o discurso de Montenegro. “É um discurso pela positiva do que pela negativa” e é um “discurso que faz a separação de águas em relação ao seu adversário (PS), sobretudo no domínio fiscal e no domínio da saúde. Baixa  de impostos e recurso ao sector privado para acabar com as listas de espera na saúde”.

Em terceiro lugar é “significativa a atitude de reconciliação com os pensionistas e reformados”, disse o comentador que elogiou ainda o facto de as propostas serem quantificadas e calendarizadas. Por exemplo na saúde de em 2024 e 2025 acabar com as listas de espera na saúde.

Marques Mendes diz que a AD que “ser mais liberal na economia para ser mais ambiciosa no plano social”, isto é uma doutrina política.

“Foi a primeira vez que vi um líder político dizer que quer Portugal a ser um contribuinte líquido para a União Europeia em poucos anos e deixar de estar dependente dos subsídios europeus, acabar com a subsídio-dependência”, disse.

Ausência do presidente do PPM na convenção foi muito notado e Marques Mendes desvalorizou. Já a frase de Nuno Melo sobre a “infelicidade da frase sobre o facto de a AD permitir a Pedro Nuno Santos governar caso este ficasse em primeiro lugar nas eleições legislativas mesmo com uma maioria de direita no Parlamento. Hoje o líder do CDS recuou e disse que só viabilizava um governo da AD.

“Os candidatos a deputados não são decisivos para ganhar eleições” e o “sistema eleitoral em Portugal é mau”, foram coisas ditas pelo comentador que defende um um sistema de círculos uninominais, compensados com um círculo nacional, “um modelo mais recomendável para promover o mérito e a responsabilização política”.

Marques Mendes revelou que no PS há três deputados cabeça de lista. Em Lisboa, Mariana Vieira da Silva; em Setúbal. Ana Catarina Mendes e em Santarém Alexandra Leitão.

Duarte Cordeiro, Ministro decidiu não ser candidato a deputado, por causa do processo Influencer, enquanto tudo não está esclarecido. “É um bom exemplo”, disse o comentador.

“A TAP é a nuvem negra de Pedro Nuno Santos”, disse Marques Mendes que sublinhou mais o discurso do líder do PS, pela positiva, pela prioridade dada à economia. “Quer que o país cresça economicamente mais. Por que é que esta declaração é importante? Porque não era, até agora, o discurso oficial do Governo. Para Pedro Nuno Santos é preciso crescer mais”, frisou.

Depois, pela negativa, destacou a declaração de Pedro Nuno Santo a dizer que não quer uma alteração fiscal, “essa é uma diferença face a Luís Montenegro. É difícil querer mais riqueza e mais atração de investimento com este nível fiscal”.

“É difícil compreender como se pode colocar a economia a crescer mais e a atrair mais investimento produtivo com os níveis de fiscalidade que temos, sobretudo se compararmos com os países do Leste Europeu”.

Marques Mendes considera que a fiscalidade não deveria ser uma questão de clivagem entre direita e esquerda. “Porque não é uma questão de esquerda ou de direita. A prova disso é que em 2014 António José Seguro, então líder do PS e um homem de esquerda, subscreveu com Passos Coelho um acordo para baixar o IRC, com vista a atrair mais investimento”.

Marques Mendes começou a sua intervenção na SIC por comentar o problema da imigração em Portugal porque “alguns políticos e algumas pessoas” vêm os imigrantes como um problema porque “vêm sugar dinheiro” disse sem identificar “os políticos e as pessoas”. Disse ainda que “não quer criticar ninguém”, e trouxe os números para rebater a teoria. “Os factos e os números provam isque Portugal está a ganhar e muito com os imigrantes” pois diminuem a falta de mão-de-obra de que as empresas se queixam. Marques Mendes disse que os imigrantes somam 782 mil e representam já 7,5% da população, e estão essencialmente no sector administrativo, nos hotéis e restauração e na construção, sem eles “o problema da falta de pessoal de que as empresas se queixam seria ainda maior”.

Segundo dado, se não fossem os imigrantes Portugal estaria a perder população. Portugal precisa da entrada de imigrantes para compensar as saídas de portugueses. O saldo migratório, entre entradas e saídas é positivo em 86.889. Já o saldo natural (nascimentos – mortes) é negativo em 40.640.

Em terceiro lugar, diz o comentador, “os imigrantes estão a ajudar muito a segurança social”. As contribuições para a Segurança Social somam 1.861 milhões de euros e as prestações sociais dos imigrantes são “apenas 257 milhões”. O saldo líquido é positivo em 1,6 mil milhões.

“Os imigrantes ajudam a pagar as pensões de reforma”, diz.

O quarto argumento para defender a imigração é o da natalidade. Os imigrantes estão a dar um contributo valioso para o aumento da natalidade. Em 2022, houve mais de 14 mil nascimentos de mães estrangeiras (16,7% do total de nascimentos no nosso país).

Também há o tema da criminalidade. “Às vezes associa-se mais imigração a mais criminalidade. Mas na verdade  entre 2012 e 2022, o número de imigrantes quase duplicou e o número de reclusos estrangeiros diminuiu: 2.600 reclusos em 2012; 1.900 em 2022.”, disse Marques Mendes.

No que toda ao aumento da natalidade há uma melhoria mas “curtinha” como lhe chama Marques Mendes. Nasceram 85.764 bebés em 2023 em Portugal, mais 2,8% face a 2022.  Os distritos com mais nascimentos são no litoral. “Era bom que os partidos não se esquecessem do interior do país”, disse o comentador.

Portugal é dos países da UE com menos imigração, revelou o comentador. “Somos o 18º país da UE na relação entre estrangeiros e população nacional. Tudo como recado para “a luta política contra a imigração”, sem nunca nomear o Chega.

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