‘Medical Affairs’, novo pilar estratégico na indústria farmacêutica

9 meses atrás 73

Os departamentos médicos tiveram sempre um papel essencial nas empresas farmacêuticas. Tradicionalmente, Medical Affairs era vista como uma área de suporte a outros departamentos, contribuindo com o conhecimento científico mais recente ao longo do ciclo de vida dos produtos. Neste modelo, os pilares na indústria farmacêutica eram investigação e desenvolvimento, acesso ao mercado e comercial.

Nos últimos anos, as inovações nas áreas científicas e da medicina, assim como do digital e da tecnologia, avançaram drasticamente. Tornou-se mais evidente a necessidade do desenvolvimento de projectos científicos com impacto e que criam valor, em estreita colaboração e co-criação com os diversos stakeholders de saúde. Toda esta transformação potenciou o reposicionamento de Medical Affairs enquanto novo pilar estratégico na indústria farmacêutica.

Torna-se premente que Medical Affairs seja uma área multifacetada, capaz de acompanhar a inovação e evolução científicas, que se adapta a novos desafios e oportunidades e que constrói pontes com os diferentes stakeholders do ecossistema de saúde. A agilidade e a adaptabilidade surgem, assim, como características essenciais nas equipas de Medical Affairs e, para tal, a liderança, o talento e o digital têm um papel crítico nas organizações.

O papel do líder é crítico para o equilíbrio entre a necessidade de rapidez na identificação de mudanças e adaptação a novos desafios, mas também na necessidade de estabilidade sem estagnação (das pessoas, do seu papel e do seu propósito). A comunicação da visão e o alinhamento são essenciais para manter este equilíbrio, assim como é a cultura de segurança psicológica e de aprendizagem/crescimento.

Atrair e cultivar o talento é um dos principais desafios para as empresas, sendo que me vou focar apenas em dois aspetos. Um é a necessidade de investimento no desenvolvimento pessoal e profissional das equipas de Medical Affairs, desde a sua formação científica, ao treino de soft skills ou oportunidades de mentoria, por exemplo.

O outro é o do papel ativo na promoção da diversidade, equidade e inclusão: desenvolve-se um ambiente de pertença e empoderamento das pessoas e equipas, e promove-se, por exemplo, a procura de diferentes perspetivas e experiências, essenciais à inovação e à resposta ágil que são necessárias em Medical Affairs.

Por fim, o papel da tecnologia. Com o alavancar em diferentes ferramentas tecnológicas, abrem-se várias oportunidades.

Por um lado, podem otimizar-se eficiências operacionais, o que permite às equipas dedicarem mais tempo a atividades que requerem o seu foco e potencial.

Por outro, a transformação digital trouxe novas maneiras de trabalhar, como é o caso de novas e rápidas vias de comunicação (mais adaptadas às necessidades das equipas e dos próprios stakeholders), o uso de ferramentas de inteligência artificial ou a utilização de data analytics para, por exemplo, apurar o impacto das diferentes iniciativas científicas e ajudar na tomada de decisões de projetos futuros.

Em conclusão, o papel de Medical Affairs enquanto pilar estratégico na indústria farmacêutica é evidente. Através da ciência e dos dados, o papel de Medical Affairs já não é apenas de suporte interno – é uma ponte com o exterior, que responde rapidamente em áreas científicas em constante evolução e que colabora com os stakeholders do ecossistema de saúde no caminho da melhoria dos outcomes clínicos. Para tal, a sua agilidade assenta não só no apoio da tecnologia, mas em especial nas pessoas – nos seus líderes, nas suas equipas e no seu talento.

A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.

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