Menina que nasceu surda recupera audição graças a terapia inovadora

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Saúde e Bem-estar

Uma terapia genética permitiu que Opal Sandy recuperasse totalmente a audição. Com apenas um ano e meio foi a primeira paciente britânica e também a mais jovem a ser submetida a um tratamento inovador, integrado no ensaio clínico CHORD.

Opal Sandy, de Oxfordshire, Inglaterra, nasceu completamente surda devido a uma neuropatia auditiva, uma doença genética causada pela interrupção dos sinais nervosos do ouvido interno para o cérebro. Os pais da menina de ano e meio descreveram os resultados como "alucinantes".

O Serviço Nacional de Saúde da Grã-Bretanha (NHS) divulgou a 9 de maio a notícia do tratamento bem sucedido de Opal Sandy, que integrou um ensaio global de terapia genética e assim se tornou a primeira paciente britânica e a mais jovem a receber o tratamento inovador.

Opal foi inicialmente submetida a uma cirurgia de 16 minutos e dois meses depois, após uma injeção na cóclea (parte do ouvido interno), a menina estava a responder aos sons. Ao fim de 24 semanas, a audição estava quase normal para sons suaves, como contaram à agência Reuters os pais da menina britânica.

"24 semanas após a cirurgia, ouvimos a frase 'audição quase normal', e ela estava a captar sons muito suaves," disse a mãe de Opal, Jo Sandy.

"Eles puseram sons que ela estava a captar e ficámos impressionados com o quão suave eram, quão silencioso era. Eram sons que na vida quotidiana podem até passar despercebidos", acrescentou o pai, James Sandy.

“Resultados espetaculares”

Esta terapia genética inovadora alcançou resultados extraordinário. Manohar Bance, cirurgião otorrinolaringologista do Hospital Universitário de Cambridge, explicou as vantagens deste tratamento.

"Estes resultados são espetaculares e melhores do que eu esperava", disse Manohar Bance, também professor e investigador-chefe do ensaio CHORD, iniciado em maio de 2023.

"Podemos começar a usar a terapia genética em crianças pequenas, restaurar a audição para uma variedade de tipos diferentes de perda auditiva genética e, então, ter uma abordagem única, na qual realmente restauramos a audição, não precisamos de colocar implantes cocleares e outras tecnologias que precisam de ser substituídas," explicou o especialista em entrevista à Reuters.

Graças a esta "abordagem inovadora", Opal Sandy já responde às vozes dos pais e consegue dizer palavras como "papá" ou "adeus".

Cerca de 20 mil pessoas no Reino Unido, Alemanha, França, Espanha e Itália são surdas devido a um defeito num gene que produz a otoferina, uma proteína necessária às células ciliadas do ouvido interno para comunicarem com o nervo auditivo.

Estudos e casos semelhantes

Outros estudos semelhantes estão em curso ou prestes a começar no início deste ano nos Estados Unidos, na Europa e na China, alguns dos quais foram bem sucedidos.

O Hospital Infantil da Filadélfia, nos EUA, anunciou em janeiro deste ano que um menino de 11 anos "que nasceu com surdez profunda" estava a ouvir "pela primeira vez na vida" após terapia genética e quatro meses após a cirurgia.

Um estudo publicado também em janeiro na revista médica The Lancet revelou que um tratamento semelhante administrado na China a seis crianças surdas permitiu que cinco recuperassem a audição.

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