Misturar é celebrar a diferença, é “Lisboa Mistura”

9 meses atrás 71

O “Lisboa Mistura” está prestes a começar e promete dois dias intensos de música, encontros, conversas, celebração, muita partilha e misturas sociais, culturais, artísticas no Capitólio, em Lisboa, a 20 e 21 de janeiro.

A meteorologia adiou o “Lisboa Mistura”, mas não derrotou vontades de fazer acontecer. As novas datas, 20 e 21 de janeiro, serão sinónimo de festa intercultural que ambiciona divulgar, partilhar e refletir sobre novas linguagens e tendências que emergem dos encontros urbanos que marcam a contemporaneidade criativa da cidade de Lisboa.

À 18ª edição, “o Lisboa Mistura quer ESCUTAR a cidade e o mundo à volta, pensar no seu futuro e no futuro da cidade e da cultura como ativação da cidadania na construção urbana”, frisa Carlos Martins, fundador e dinamizador do festival.

Acrescente-se, a propósito, que vivemos num mundo acelerado e menos disponível para escutar o que nos rodeia – pessoas, sons, anseios. Aliás, como realça Carlos Martins, “essa escuta é ao mesmo tempo um gesto de generosidade e uma quebra da normalidade temporal de um mundo acelerado, onde não há espaço para escutar o mundo à nossa volta”.

Venha daí a generosidade, a tolerância, a curiosidade em conhecer o Outro, em trocar experiências, vivências, pensar soluções para a cidade que é de todos. Tudo razões que motivam o Lisboa Mistura, como explica Carlos Martins, pois “é essencial escutar o outro, não ouvir com uma agenda pessoal rotinada de indiferença, mas escutar, imersivamente, outras realidades e outras palavras que trazem diferentes mundos”.

O cartaz do Lisboa Mistura é um espelho dessas vontades. Se, por um lado, quiseram ouvir pessoas associadas a faixas de população invisibilizadas, por outro, também ‘escutaram’ pessoas que trabalham com as estórias de outros.

Sábado, 20 janeiro

DEBATE: LISBOETAS E VISIBILIDADE | 16H00, Bazar do VídeoConversa sobre uma Lisboa inclusiva: quantos dos lisboetas ainda não têm a visibilidade desejada nesta cidade com tantas culturas?

Com Vitor Belanciano, Paula Cardoso (Afrolink), Marisa Rodrigues (Bantumen)

OPA – OFICINA PORTÁTIL DE ARTES | 19H30, Capitólio

A OPA – Oficina Portátil de Artes é um projeto artístico com foco no Hip-Hop que tem por meta estimular novas formas de cruzamento entre a pedagogia e a criação artística através da música. Dirigida por por Francisco Rebelo, a OPA desenvolve workshops pontuais com artistas da área do hip-hop, abordando questões sociais e de comunidade a fim de promover a intervenção social e a construção de uma cidadania ativa.

MC: John Do$, Ró Lk, Snails, Golden Nora

Producer: EVAWAVE

SOWETO KINCH TRIO | 21H00, Capitólio

O premiado saxofonista e MC Soweto Kinch é um dos nomes vibrantes do jazz e hip hop britânico, vai apresentar o seu último álbum “The Black Peril”, marcadamente político e racialmente interventivo.

DOBET GNAHORÉ | 22H30, Capitólio

A Costa de Marfim é o país de origem de Dobet Gnahoré, que fixou residência há largos anos em França. Cantora, bailarina e compositora galardoada com um Grammy em 2010, tem seis álbuns no currículo, sendo o mais recente, “Couleur”, um veículo de positividade perante o futuro e o empoderamento feminino.

Domingo, 21 janeiro

FESTA INTERCULTURAL | 17H00 às 19H00, Capitólio

Apresentação de grupos de diferentes geoculturalidades:

– Mbalango (Moçambique)

Mbalango é um artista que atua a solo e revela o seu estilo muito pessoal através da sua mbira de fabrico próprio, com base no instrumento tradicional homónimo de Moçambique e do Zimbabué.
– Toy e Emanuel Matos (Portugal)

Os irmãos Emanuel e António vivem em Benavente, Ribatejo, e representam aqui a alma e a cultura cigana.

– Amizade Linha de Sintra (Guiné-Bissau)

O grupo Amizade Linha de Sintra propõe uma viagem até à Guiné Bissau através do som peculiar da Tina, o seu instrumento típico composto por uma cabaça em água.

– Isha Artes: Kathak (India)

ISHA ARTES representa a Cultura Indiana através da dança clássica indiana Kathak, cuja prática também visa promover mecanismos de integração social.

– Kaori Shiozawa – Grupo Tawoo (Japão)

Tawoo significa “estrada” em chinês, sendo que aqui, tem o duplo sentido de “ponto de encontro”, trilhado ao som dos diferentes ritmos da percussão japonesa.

JAZZOPA | 19H30, Capitólio

JAZZOPA é um projeto que reúne o jazz, spoken word e hip-hop que, num modelo de “estúdio criativo” de cocriação, os participantes são desafiados a criar repertório que interliga as três áreas artísticas numa só a partir de improvisação em tempo real.
Instrumentistas: Samuel Dias (bateria), Francisco Nogueira (baixo), Kiko Sá (trompete), Débora king (piano), Jery Bidan (guitarra), Ricardo Rosas (saxofone)
MC: Vileiro e YA SIN

Spoken word: Vanessa Parish Crooks e Luís Perdigão

CRIATURA | 21H00, Capitólio

Ritmos portugueses que querem levar o público a viajar na memória popular, de norte a sul do país e dar a conhecer o seu mais recente álbum, “BEM BONDA”, lançado em 2021.

Entre os concertos – Tiago Pereira (DJ Set)

Divulgador por excelência da música portuguesa enquanto mentor e diretor do projeto “A música portuguesa a gostar dela própria”, Tiago Pereira troca aqui a pele de realizador, documentarista e radialista pela de DJ, apostando em música mais amadora e pouco divulgada, mais concentrada na interpretação e nas pessoas.

Ler artigo completo