Na Florida "cada voto conta" para democratas que lutam contra desmobilização

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No sábado, o partido convocou uma concentração de automóveis para percorrer Miami, principal cidade do estado, no sudeste dos Estados Unidos, mas apenas 10 percorreram um dos poucos condados tradicionalmente democratas num estado maioritariamente republicano e onde as sondagens mostram que Donald Trump deverá ganhar folgadamente.

À margem do evento democrata, Raquel Pacheco conta à Lusa que recusa votar em Kamala Harris devido ao apoio que, enquanto vice-presidente, tem dado a Israel e ao governo de Benjamin Netanyahu no conflito na Faixa de Gaza. Vai votar na independente Jill Stein, que tem feito campanha com um discurso pró-palestiniano.

"O estado da Florida vai com Trump, as pessoas [democratas] estão a tentar mobilizar o voto, mas é muito difícil", relata Pacheco, que foi candidata ao Senado estadual pelo partido em 2020. 

"Penso que o sentimento [dominante entre democratas] é o meu. As pessoas ou não estão de acordo com a posição dela [Kamala Harris] em relação a Gaza ou não estão motivadas para votar de qualquer forma porque pensam que Trump vai ganhar", diz Pacheco, enquanto a poucos metros os organizadores da caravana vão enfeitando os carros com bandeiras norte-americanas e cartazes azuis, cor do Partido Democrata, com os nomes de Harris e de outros candidatos a cargos locais.

Muitos dos adereços, cartazes e enfeites trazidos e colocados à disposição dos participantes ficam desaproveitados, devido ao reduzido número de automobilistas que compareceu.

Mesmo não querendo uma vitória de Trump, Raquel Pacheco vê a atual situação como favorável ao ex-presidente, por este estar nos estados mais disputados empatado nas sondagens ou com uma vantagem pequena em relação a Harris. 

"Não estou de acordo com ele [Trump] em quase em nada, sobretudo imigrantes, direitos das mulheres, LGBT... mas na Florida o meu voto não vai importar nesta campanha porque é certo que a Florida vai com Trump de qualquer maneira", defende.

Entre os democratas, observa, a mobilização é "muito inferior" à de eleições anteriores, como as de Joe Biden ou Barack Obama. 

"As pessoas votam porque têm medo do que mais quatro anos de Trump vão fazer ao nosso país", e menos por entusiasmo em relação a Kamala Harris, afirma.

É quase hora de partida da caravana e esta mantém-se curta, apesar de profusamente decorada. 

Antes da largada, os cerca de 15 participantes reúnem-se em torno de Joe Saunders, candidato a um cargo local, que dirige algumas palavras de encorajamento, invocando estar à frente do rival republicano no voto antecipado. 

A 10 dias das eleições, os democratas desdobram-se em ações a nível local, telefonando a eleitores que ainda não votaram e batendo a portas para distribuir folhetos dos seus candidatos, mas a tarefa será difícil, reconhecem. 

A presidente do Clube Democrata de Miami, Amanda Knapp, afirma à Lusa que para o resultado final "vai ser decisivo que todos os democratas votem".

"Esta eleição é diferente porque o outro lado é odioso e espalha preconceitos e acho que os nossos democratas valorizam amor e respeito e acho que estão motivados", afirma à Lusa.

O Partido, defende, representa "a comunidade LGBT e as minorias" étnicas, ambos numerosos na população da maior cidade do estado da Florida. Kamala Harris "representa todos eles", mas a ideia de mais quatro anos de Presidência Trump também é um argumento importante.

"Os nossos democratas estão com medo... e motivados", afirmou à Lusa.

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