O Duster Hybrid tinha tudo para ser a versão mais apetecível do novo SUV da Dacia. Mas foi vítima da fiscalidade portuguesa.
Dacia Duster Hybrid
8.5/10
O Dacia Duster Hybrid podia ter um preço imbatível, mas foi batido pelos impostos portugueses.
Prós
VersatilidadeCapacidade fora de estradaImagem aventureiraConsumosContras
Preço da versão híbridaRuídos aerodinâmicosBancos algo firmesA fiscalidade automóvel portuguesa é, no mínimo, curiosa. Ao longo dos anos tem feito vítimas que pouca ou nenhuma culpa têm e o novo Dacia Duster Hybrid é um excelente exemplo.
É que, apesar de ser a motorização mais eficiente e menos poluente de toda a gama, é também a que mais impostos paga. Algo que desvirtua por completo a premissa desta versão híbrida, que devia ser a mais apelativa para o cliente.
Por todas estas questões e diversas outras, o Duster Hybrid é, muito provavelmente, o melhor carro que a Dacia já fez. Mas por tudo o que vos disse acima, a versão híbrida está muito longe de ser a que eu levava para casa. Vejam o vídeo, que eu explico tudo:
É tudo novo no Duster
Não preciso de vos recordar o sucesso que o Dacia Duster tem sido desde que foi lançado, em 2010. Basta sair à rua para perceber que é uma das escolhas prediletas dos portugueses. E esta terceira geração, totalmente nova, não está a ser diferente.
Além do estilo mais apelativo, um interior completamente novo e da presença de muito mais equipamento, esta geração tem argumentos de sobra que explicam este sucesso inicial.
Já percorremos o novo Duster de alto a baixo e já analisamos em detalhe todos os pormenores do seu interior. Por isso mesmo, neste ensaio, não será esse o meu foco.
Para os que ainda tiverem dúvidas acerca disso, convido-vos a verem o vídeo que gravámos na apresentação internacional deste SUV e onde abordamos todos estes tópicos. Ora vejam:
Quero destacar apenas a capacidade da bagageira, que passou para os 474 litros apesar do modelo não ter sofrido grandes alterações em termos de tamanho. No caso das versões híbridas, este número desce para os 430 litros, devido ao posicionamento da bateria.
Ainda assim, é um número interessante e que permite cumprir quase todas as obrigações familiares. Contudo, se o espaço for aquilo de que mais necessitam, então, se calhar, faz sentido olhar para o mais recente modelo da Dacia, o Bigster, que também já fomos conhecer ao vivo.
Adeus Diesel. Olá eletrificação
Uma das maiores limitações da segunda geração do Dacia Duster era a sua plataforma, que tinha por base uma evolução de uma outra base, mais antiga, do Clio. Tudo para manter os custos controlados.
Agora, na terceira geração, o Duster passou a recorrer à mesma plataforma CMF-B, que encontramos no Sandero e no Jogger — e nos Renault Captur e Arkana —, o que lhe permitiu o acesso a um novo leque de possibilidades, começando pelas versões híbridas como a que podemos conhecer no vídeo.
Também por isso, a Dacia optou por abandonar de vez as motorizações Diesel, que eram muito apreciadas, sobretudo por quem comprava as versões de tração integral. Mas depois de conduzir a versão 4×4, acreditem em mim quando vos digo que isso não será um problema.
A oferta do Duster começa com a versão bi-fuel (gasolina/GPL), denominada ECO-G 100, que recorre a um bloco de três cilindros de um litro, turbo, que produz 100 cv de potência. Isto, ao mesmo tempo que anuncia 1300 km de autonomia, graças à presença de dois depósitos de combustível: 50 litros de gasolina + 50 litros de GPL.
Logo de seguida surgem as versões TCe 130, que utilizam um motor 1.2 turbo de três cilindros associado a um sistema mild-hybrid de 48V, mas também a um pequeno motor/gerador elétrico e a uma bateria com 0,8 kWh de capacidade, para uma potência máxima de 130 cv.
Esta motorização só está disponível com caixa manual de seis velocidades e é a única que pode ser associada ao sistema de tração integral.
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Híbrido vale a pena?
Apesar de toda esta oferta, centremos as atenções no Dacia Duster Hybrid, que foi precisamente a versão que tive oportunidade de ter como protagonista neste vídeo. Combina um motor a gasolina de quatro cilindros (1,6 l de capacidade e 94 cv) com dois motores elétricos (um de tração e outro que serve de motor de arranque e gerador), para uma potência combinada de 140 cv.
Além disso, está incluída uma bateria com 1,2 kWh de capacidade e a já conhecida caixa multi-modo do Grupo Renault, sem embraiagem, mas com quatro relações para o motor de combustão e duas para o motor elétrico de tração. Em conjunto, permitem 15 modos distintos de funcionamento.
Sempre muito disponível, qualquer que seja o regime, o maior argumento deste sistema híbrido são mesmo os consumos, já que numa utilização mista é relativamente fácil ficar abaixo dos 5 l/100 km. E só isso, já seria suficiente para que fosse este o Duster a comprar. Contudo, o preço faz-me ter outra opinião. Mas já falamos sobre isso.
Uma coisa é certa. Independentemente da versão que escolham, vão receber sempre uma proposta muito versátil, robusta e bem plantada na estrada. A este nível, a evolução para o Duster de segunda geração é tremenda.
Mesmo assim, e porque nem tudo são rosas, há dois defeitos a apontar: sinto que os bancos são demasiado firmes e que a Dacia podia ter feito um melhor trabalho a isolar o habitáculo, para que os ruídos aerodinâmicos não se ouvissem com tanta intensidade.
Fiscalidade muda as regras do jogo
Agora sim, falemos do preço. A gama do novo Dacia Duster começa nos 19 900 euros da versão ECO-G 100, com o nível de equipamento Essential, e nos 24 050 euros, se escolhermos o motor TCe 130. Já o Duster Hybrid começa nos 29 000 euros, ainda que a unidade testada, por contar com alguns opcionais, tem um preço fixado nos 31 726 euros.
Este é um valor que me faz colocar de parte esta versão do Duster. É certo que se trata da versão mais completa do SUV da marca romena. Mas posso dizer-vos que o Duster Hybrid não é 10 mil euros melhor do que a versão bi-fuel. Disso tenho a certeza.
Claro que a culpa deste posicionamento de preço não é propriamente da Dacia, mas sim da fiscalidade portuguesa, que consegue ser muito criativa.
Por incidir sobre a cilindrada, o Imposto Sobre Veículos (ISV) acaba por penalizar imenso a versão híbrida do Duster, que assenta num motor a gasolina de 1,6 litros. Ou seja, apesar de ser mais eficiente e menos poluente do que a versão 1.2 TCe de 130 cv, paga mais 364% de imposto. E claro que isso se reflete no preço.
Tendo tudo isto em conta, caso estivesse a ponderar a aquisição de um Dacia Duster, a versão que levava para casa, provavelmente, era a 1.2 TCe de 130 cv. Ainda assim, é a que me parece ter a melhor relação qualidade/preço.
Veredito
Dacia Duster Hybrid
8.5/10
O Dacia Duster ficou melhor em tudo nesta terceira geração e tem na versão híbrida de 140 cv a proposta mais interessante da gama. Contudo, a fiscalidade portuguesa é demasiado penalizadora para esta motorização e acaba por roubar-lhe quase todo o protagonismo. Por isso mesmo, ainda que seja a proposta mais racional, não era a que eu comprava.
Prós
VersatilidadeCapacidade fora de estradaImagem aventureiraConsumosContras
Preço da versão híbridaRuídos aerodinâmicosBancos algo firmes
Especificações Técnicas
Versão base:29.000€
IUC: 148€
Classificação Euro NCAP: 3/5
31.726€
Preço unidade ensaiada
Motor de combustão: 91 cv
Motor elétrico 1 (gerar corrente elétrica e impulsionar as rodas): 36 kW (49 cv)
Motor elétrico 2 (Gerar corrente elétrica): 15 kW (20 cv)
Potência máxima combinada: 140 cv Binário:
Motor de combustão: 144 Nm
Motor elétrico 1: 205 Nm
Motor elétrico 2: 50 Nm
Binário máximo combinado: N.D.
Tem:
Vidros laterais e óculo traseiro escurecidosBarras de tejadilho modularesSistema avançado de travagem de emergênciaAviso de travagem de emergênciaAlerta de cansaço e atenção do condutorReconhecimento dos sinais de trânsito com alerta de velocidadeSistema de assistência na faixa de rodagemRegulador e limitador de velocidadeRetrovisores exteriores c/ regulação elétrica, função de desembaciamento e rebatíveis eletricamenteComutação automática das luzes de estrada/cruzamentoPainel de instrumentos digital de 7”Detetor de pressão dos pneusKit de enchimento de pneuCobertura da bagageira modularBanco do condutor com ajuste lombar + banco do passageiro regulável em alturaVolante em couro regulável em altura e profundidadeÓculo traseiro com desembaciamentoAr condicionado automáticoBanco traseiro fracionável e rebatível 1/3- 2/3Faróis ECO-LEDEscovas limpa vidros e faróis automáticosJantes de 17” em liga leve TERGANPintura exterior SANSTONE — 550 euros
Jantes em liga leve de 18” TAGASAN — 300 euros
Pack Techno (Carregador de smartphone por indução, travão de estacionamento elétrico e Media Nav Live com informação de trânsito ao vivo e sistema de som 3D Arkamys com 6 altifalantes) — 650 euros
Pack Parking (Alerta de ângulo morto, sistema de ajuda ao estacionamento frontal, traseiro e lateral e câmara multiview) — 400 euros.