Negócio Parpública/CTT: “O somatório de pequenas coisas acaba por manchar o futuro político de Pedro Nuno Santos”

9 meses atrás 81

“Visto numa perspectiva individualizada não terá grande impacto, mas pode ser visto numa perspectiva mais geral e pode ser interpretado como mais um problema”, disse José Palmeira.

O ex-ministro das Infraestruturas surge envolvido numa nova polémica, a da compra de ações do CTT pela Parpública, um negócio que já admitiu que estava a par. O politólogo José Palmeira, contactado pelo Jornal Económico, diz que este “é o somatório de pequenas coisas que às vezes acaba por manchar e hipotecar o futuro político de Pedro Nuno Santos”.

“Visto numa perspectiva individualizada, não terá grande impacto, mas pode ser visto numa perspectiva mais geral e pode ser interpretado como mais um problema, mais uma dificuldade”, sublinhou José Palmeira.

Segundo o especialista “as pessoas vão-se lembrar que já houve o caso da TAP, já houve o caso da indemnização e, estes casos, isoladamente, poderão não ter um significado muito grande. Todos eles juntos acabam por poder prejudica-lo”.

O que diz o especialista vai ao encontro daquela que foi a reação do  líder da IL, que sublinhou que o comportamento de Pedro Nuno Santos era revelador de um “padrão”, uma vez que estes avanços e retrocessos já tinham acontecido no caso de Alexandra Reis. “No caso de Alexandra Reis, da indemnização, a reação de Pedro Nuno Santos foi ‘não sei de nada’ e depois foi descobrir no seu WhatsApp que de facto tinha dado autorização para uma indemnização de meio milhão de euros”, afirmou Rui Rocha.

Quanto à forma como Pedro Nuno Santos atuou no caso do negócio da Parpública, José Palmeira lembrou que “houve uma primeira reação (a de ontem) que foi um bocadinho inusitada ao ter dado a entender que não sabia de nada, enquanto que hoje já veio reconhecer que sabia”.

Recorde-se que o ex-ministro das Infraestruturas e atual líder do PS, Pedro Nuno Santos, admitiu que sabia da compra de ações dos CTT pela Parpública e acrescentou que concordava com “aquilo que foi feito”. Pedro Nuno Santos também afirmou que “estava à espera que o Governo prestasse esclarecimentos”. Esclareceu que “a única coisa que disse foi que “não é o ministro setorial que dá instruções ao ministro das Finanças para comprar ações”.

No que diz respeito à oposição, José Palmeira sublinhou que esta “aproveita, como é óbvio, todas as circunstâncias e além de as aproveitar até acaba por as empolar, por lhes dar, às vezes, uma importância muito superior à que têm”.

Isto a propósito da reação do líder do PSD, Luís Montenegro, às declarações de quarta-feira do ex-ministro das Infraestruturas. “Se Pedro Nuno Santos não sabia, foi uma bandalheira completa”. “E quer continuar a bandalheira não como ministro mas como primeiro-ministro?”, questionou o presidente do PSD a propósito da notícia exclusiva do JE. “Se foi assim que andámos a ser governados nos últimos anos, é tempo de mudar e de estas pessoas com esta cultura governativa saírem do Governo. Não é possível que o titular do Ministério setorial, numa decisão sobre uma empresa que tinha sido privatizada, não tenha conhecimento disso”, avançou.

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