No evento da AD, Miguel Guimarães pede um acordo de regime para a saúde

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A reforma da saúde foi o tema-estrela escolhido pela nova AD para marcar o momento da assinatura do acordo entre PSD, CDS e PPM para as próximas eleições, em particular as legislativas de 10 de Março. No palco da Alfândega do Porto, momentos após a assinatura formal da AD, o ex-bastonário da Ordem dos Médicos Miguel Guimarães pediu um acordo de regime para a reforma da saúde entre os principais partidos.

“A saúde é o calcanhar de Aquiles” do país, afirmou Miguel Guimarães, apontando que “o PS está sempre a dizer que criou o Serviço Nacional de Saúde (SNS) mas está a destruí-lo”. “O acesso a cuidados de saúde é incerto e tardio e os serviços de urgência são a ponta do iceberg", disse, antes de considerar “fundamental um acordo de regime nesta matéria entre os vários partidos políticos”.

O antigo bastonário elencou os principais problemas: da falta de médicos de família para 1,7 milhão de pessoas aos cuidados paliativos que só dão resposta a 25% de quem precisa; dos problemas das carreiras dos profissionais de saúde ao número excessivo de horas extraordinárias; do modelo de gestão à gestão integrada dos serviços; da falta de informatização à ausência de modernização.

“O SNS funciona hoje como há 40 anos, se fosse uma empresa privada já tinha ido à falência”, considerou, defendendo a “necessidade imperiosa de ter um processo de saúde único”, de “acompanhar a evolução dos hospitais”, fazer a gestão dos doentes crónicos e traçar o perfil dos doentes ou criar alternativas aos serviços de urgência. Defendeu ainda ser importante fazer uma “aposta clara na qualidade e segurança” dos serviços.

Depois citou o ministro da saúde e o primeiro-ministro quando dizem que a Saúde tem hoje o maior orçamento e o maior número de profissionais. “É verdade”, disse, para questionar: “Então o que está a falhar? Será falta de competência? Falta de implementar uma reforma a sério ou não existe mesmo um fio condutor?”

Referindo-se à “grande reforma” anunciada com a criação das Unidades de Saúde Familiares (USF), o ex-bastonário lembrou que as Unidades Locais de Saúde já existem desde 1999 e que as USF “não são nenhuma grande reforma” e que não há “a ciência por trás” nem “não foi discutida com ninguém”.

No arranque da sua intervenção, Miguel Guimarães, que é independente, disse estar no evento da AD “para exercer um direito de cidadania”, porque o seu diagnóstico da situação não é benigno. “Entre impostos directos e indirectos, estamos todos amassados, assistimos à destruição da classe média, essencial para chegar mais longe, as empresas não têm tido o apoio fundamental para um país mais forte. A justiça, economia, educação, administração pública estão como estão.”

E deixou um voto de confiança à AD: “Este movimento com partidos e independentes tem todas as condições para governar Portugal e fazer melhor do que tem sido feito.”

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