Novos protestos em Nairobi coincidem com posse do novo Governo

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Os protestos contra o Presidente começaram em junho.

De acordo com a agência EFE, enquanto os 19 novos membros do Governo tomavam posse numa cerimónia solene na State House, a sede da Presidência em Nairobi, as ruas que conduzem ao palácio presidencial foram bloqueadas por postos de controlo da polícia e bloqueios de estradas.

O centro da capital foi igualmente alvo de fortes medidas de segurança, com o comércio encerrado e as ruas praticamente desertas, à exceção dos manifestantes, que viram todas as suas tentativas de concentração dispersadas por gás lacrimogéneo da polícia.

Pelo menos cinco jornalistas ficaram feridos enquanto cobriam os protestos no centro de Nairobi, três dos quais devido a granadas de gás lacrimogéneo disparadas pela polícia diretamente contra eles, denunciou em mensagem nas redes sociais a Associação Internacional de Imprensa da África Oriental (IPAEA, na sigla inglesa), que representa centenas de correspondentes na região.

Além disso, um número desconhecido de manifestantes foi detido.

Numa conferência de imprensa na quarta-feira, o inspetor-geral interino da polícia queniana, Gilbert Masengeli, alertou para a possível infiltração de bandidos, algo que os próprios organizadores têm vindo a denunciar, acusando o Governo.

"Os protestos iniciais organizados em junho foram pacíficos, mas os protestos subsequentes transformaram-se em motins, com saqueadores a destruírem e roubarem propriedade", disse Masengeli.

Os protestos de hoje ocorreram no dia seguinte à nomeação de 19 novos ministros, depois de Ruto ter demitido quase todo o seu Governo em 11 de julho.

Apenas o vice-Presidente, Rigathi Gachagua, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Musalia Mudavadi, foram poupados à exoneração.

Para além de vários ministros que regressaram, como Kithure Kindiki, o ministro do Interior, quatro são membros do Movimento Democrático Laranja (ODM), o partido de Raila Odinga, o líder histórico da oposição que perdeu as eleições para Ruto em agosto de 2022.

As mudanças no Governo surgiram após semanas de manifestações em massa, que começaram em 18 de junho e que, ao contrário das que o Quénia tem vivido historicamente, impulsionadas por políticos da oposição, não tiveram líderes oficiais.

Inicialmente, os quenianos protestavam contra a controversa Lei das Finanças de 2024, através da qual o Governo pretendia introduzir impostos como um IVA de 16% sobre bens como o pão e aumentar os impostos existentes sobre os serviços básicos.

Em 26 de junho, Ruto recusou-se a assinar o projeto de lei, 24 horas depois de uma forte mobilização em Nairobi que terminou numa batalha campal entre os manifestantes e a polícia e levou à invasão do parlamento.

Depois os protestos, inicialmente pacíficos, mas que se tornaram violentos, prosseguiram, embora com menor participação, e tornaram-se antigovernamentais.

Desde o início das mobilizações, impulsionadas sobretudo por jovens da Geração Z (nascidos entre meados da década de 1990 e a primeira década do século XXI), a resposta das forças de segurança, com gás lacrimogéneo e até munições reais, fez pelo menos 50 mortos, segundo a Comissão Nacional dos Direitos Humanos do Quénia (KNCHR, na sigla inglesa).

Pelo menos 413 pessoas ficaram também feridas e foram registados 59 casos de desaparecimentos forçados.

Esta é a pior crise de Ruto desde que chegou ao poder em setembro de 2022.

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