OPINIÃO | Antes do dérbi

5 meses atrás 86

"O sítio dos Gverreiros” é uma coluna de opinião de assuntos relativos ao SC Braga, na perspetiva de um olhar de adepto braguista, com o sentido crítico necessário, em busca de uma verdade externa ao sistema.

A semana a que este artigo se refere não é apenas mais uma semana, mas, antes o período temporal que antecede o dérbi minhoto, entre Vitória SC e SC Braga: um verdadeiro clássico do futebol português. Este não é apenas mais um jogo e nos grupos de trabalho facilmente se passa a mensagem da importância que este duelo assume, ao nível da rivalidade ancestral existente.

A presente temporada tem, em relação às últimas duas décadas, a inesperada luta entre os dois clubes pelos lugares cimeiros da classificação. Até à jornada anterior as duas coletividades alimentavam a esperança de ocupar o último lugar do pódio no final da competição, o que para os bracarenses representava uma simples renovação, ao passo que para os vimaranenses o significado era amplamente maior, em função das realidades atuais. Contudo, os triunfos de SC Braga e FC Porto, aliados à derrota do Vitória SC, reduziram a luta pelo terceiro lugar às primeiras duas equipas, uma vez que os vitorianos ficaram afastados desse objetivo, para eles não esperado à partida.

O calendário definiu, com algum requinte, o confronto do SC Braga com os dois clubes que o precedem e antecedem na classificação nas duas últimas jornadas, uma vez que na visita à Pedreira do FC Porto descerra o pano sobre a competição e nesta penúltima jornada acontece a visita a Guimarães.

O clássico do futebol português, vivido acerrimamente sob forma de dérbi regional que ultrapassa todas as fronteiras definidas, acontece num sábado à noite, onde os braguistas esperam que a deslocação seja festiva e os visitados anseiam por um desfecho que lhes seja favorável, ainda que os cinco pontos que separam as duas equipas na classificação, com vantagem brácara, confiram algum favoritismo aos visitantes, num sentimento que rapidamente desaparece quando a bola começa a rolar. Porém, os números atuais dizem que os vimaranenses só com um triunfo conseguem alimentar o sonho do quarto lugar, uma vez que o empate e a derrota acordam os conquistadores para a realidade do quinto lugar. No lado bracarense a vitória significa adiar a decisão do terceiro lugar para o último jogo frente ao FC Porto, ao passo que um empate garante o quarto posto e praticamente arruma a questão o último lugar do pódio, e a derrota reduz os objetivos à luta pelo quarto lugar, para tristeza do universo braguista. Mesmo assim, ao longo dos noventa minutos só o sucesso invade os dois grupos e nada mais conta nesse período, situação reforçada pela rivalidade entre as duas massas associativas.

Os vimaranenses tentam colocar muita gente no estádio, com iniciativas diversas para o efeito, ao passo que do lado braguista os bilhetes disponíveis voaram tão rapidamente que quase nem dava tempo de abrir as portas das vendas.

Estes encontros, por norma, começam antes do dérbi, com toda a envolvência a criar contextos que podem favorecer uns e prejudicar outros. Vem isto a propósito da insensatez atroz observada na designação de Fábio Veríssimo para arbitrar a partida e de Hugo Miguel para o auxiliar tecnologicamente no VAR, depois de diversas incidências negativas verificadas nos tempos mais recentes quando o SC Braga está envolvido, algo que se adensa em relação ao árbitro, que apresenta um histórico de trabalhos que não deixam ninguém sossegado com esta nomeação por parte da Legião do Minho.

A jornada anterior teve um jogo entre SC Braga e Casa Pia que terminou, inesperadamente, de forma épica com o triunfo arsenalista com muita dificuldade, onde o árbitro Tiago Martins teve um trabalho muito infeliz, com prejuízo brácaro que vai além da própria partida, uma vez que o treinador Rui Duarte foi injustamente castigado, ficando de fora do dérbi em Guimarães, depois de abrir os braços em “sinal de repúdio” de um lance que só o árbitro conseguiu ver a favor dos casapianos e que viria a ser determinante no guião elaborado. Este jogo viria a terminar com as bancadas em êxtase, quando Abel Ruiz marcou o quarto golo, que valeu o triunfo tangencial, com tanta qualidade como significado nessa altura. Aliás, já antes a Pedreira tinha visto outro grande golo de Rodrigo Zalazar, que valeu a remontada, antes ao autogolo que gelou as bancadas, para depois derreter esse gelo com o calor, traduzido em forma de loucura coletiva, que o encontro proporcionou.

Uma nota final, sob forma de desejo, para que o dérbi decorra dentro da rivalidade que lhe confere essência, mas sem incidentes negativos. Afinal, é “apenas” um jogo de futebol.

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