De um negócio avaliado em 60 milhões de euros, o FC Porto só encaixou 39 milhões. A saída de Otávio para a Arábia Saudita encerra cálculos complexos e números que Fernando Gomes, administrador da SAD, procurou explicar esta segunda-feira, na apresentação do Relatório e Contas referente ao primeiro semestre de 23/24. Primeiro, os números: Otávio saiu por 60 milhões para o Al Nassr, mas o FC Porto teve de pagar 12,7 milhões ao Coimbra, que ainda detinha uma parte substancial dos direitos económicos do internacional português. Ora, o FC Porto encaixaria assim à volta de 47,3 milhões. Ora, entre esses 47,3 milhões e os 39 milhões agora anunciados ainda há uma diferença de 8,3 milhões. Esse valor foi distribuído em «encargos associados à operação» (comissões). Questionado com a disparidade nas verbas, Fernando Gomes deu a seguinte explicação - ainda mais complexa do que a matemática anterior. «[Otávio] Foi vendido por 60 milhões de euros. As condições de pagamento eram: 20 milhões na assinatura de contrato, o que foi cumprido, mais 20 milhões a pagar a 1 de julho 2024 e 20 milhões a pagar em 1 de julho de 2025», começou por dizer o dirigente sobre a verba total do processo. «Logo na altura consultámos os principais parceiros internacionais em matéria de financiamento. Foi-nos dito que não haveria dificuldades no desconto da operação», acrescentou Fernando Gomes, antes de revelar mais um dado... preocupante. «Precisávamos de antecipar os 40 milhões que faltavam [do negócio] para ocorrer a despesas nesta época.» A SAD do FC Porto foi surpreendida, posteriormente, pela postura do Al Nassr e dos bancos que financiariam a antecipação do dinheiro, atirou Fernando Gomes. «Para nossa surpresa, essa operação foi tudo o que não esperávamos em termos de liquidez. Os bancos que inicialmente nos garantiram que não haveria problemas, começaram a notar no Al Nassr desorganização na sua estrutura financeira e administrativa, incapaz de corresponder à exigência do banco.» «Contra todas as expetativas», prosseguiu o dirigente, o Al Nassr terá falhado na garantia do(s) pagamento(s) solicitados pelos bancos. «Não era difícil conceber que o contrato que fizemos tinha uma rubrica em que o Al Nassr se comprometia a assinar notificação de qualquer banco, para pagar ao banco em vez de ser o FC Porto [a pagar]. Isso não se conseguiu.» Última explicação. O FC Porto teve de ir atrás dessa «falta de liquidez» prevista no planeamento financeiro. «O que tínhamos à mão eram os direitos televisivos, fomos buscar os direitos de dois anos.» E assim se explica o mais recente empréstimo obrigacionista de 54,3 milhões de euros. Fundamental para a gestão corrente dos dragões, percebe-se agora.