Painel no Thinking Football Summit deixa claro: «Temos impostos de ricos num país pobre»

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O palco The Academy, no primeiro dia do Thinking Football Summit 2024, recebeu Armindo Monteiro, Presidente da Confederação Empresarial de Portugal, Ricardo Costa, CEO do Grupo Bernardo da Costa, e Mauro Xavier, gestor de empresas, que participaram no painel "Reforço do Reconhecimento do Futebol Profissional nas Áreas do Desporto, Economia e Finanças", moderado pelo jornalista José Carlos Lourinho.

Armindo Monteiro destacou duas alterações que considera essencial para manter e estimular a competitividade no futebol: "É importante estarmos num contexto com eficiência coletiva. E isso é dado por uma Liga forte, por uma organização que permita que todos sigam em conjunto. Há medidas para isso e há duas que nos parecem importantes colocar já neste Orçamento de Estado. A Liga Portugal é um integrante da CIP e não conseguimos compreender porque uma atividade de entretenimento na área da cultura tenha IVA a 6%, e a indústria do futebol tenha 23%. O que pedimos é tratamento igual. Temos taxas muito elevadas, impostos de ricos num país pobre. O futebol acaba por pagar por isso. Os salários na taxa mais alta são taxados ao nível multimilionários, e isso não pode ser assim. Há um conjunto que é retirado aos jogadores e eles querem saber quanto é que ganham. A competitividade é o que o clube lhe paga líquido. E aí não somos competitivos. Tínhamos uma medida, que era promover o regresso dos jogadores ao país e até isso acabou."

Ricardo Costa registou que o futebol começou a ser olhado como indústria tardiamente: "Quando se fala em temas de IVA e de IRS, há muito para corrigir. Há muitas propostas que têm vindo a ser apresentadas no quadro da economia e das empresas e o futebol tem de ser visto cada vez mais como uma empresa. Esse foi o grande problema durante muitos anos, olhar para o futebol como uma paixão e esquecer que, de facto, é um negócio. É um erro retirarmos o futebol da realidade do país e a verdade é que as empresas têm muitos problemas. Ao nível da elevada carga fiscal que lhe é imposta, ela também é aplicada no futebol. Ao nível dessa carga fiscal sobre os salários, também é absurdamente elevada e isso é um problema que as empresas sentem para atrair talento e o futebol igualmente. Não estamos aqui só a falar dos salários multimilionários. Eu contacto com a realidade de clubes e vejo as dificuldades que passam para atrair jogadores, de forma a evitar a sua ida para outras geografias. O Governo, o Orçamento de Estado, o Ministério das Finanças e o Ministério da Economia devem promover um ambiente favorável para que a indústria do futebol possa progredir, mas sem o retirar daquilo que é o conjunto de problemas das empresas em Portugal."

Já Mauro Xavier destacou o papel do futebol na internacionalização do país. "Temos de contextualizar e tratar de igual o que é igual e diferente o que é diferente. Há poucas indústrias em que Portugal consegue estar no top-10 mundial, muito menos no top-5 ao nível europeu. Há quatro ou cinco medidas que o Orçamento de Estado, a Liga e a Federação têm de começar a negociar em nome dos clubes. Ir ver um teatro custa 6% de IVA, ir ao futebol custa 23%. Não consigo perceber, é a única atividade cultural que tem bilhetes com este valor. A Autoridade da Concorrência, através do Governo, não permite que os operadores de comunicação possam fazer um leilão entre si para os direitos televisivos e isso é prejudicial. Depois, tem a atração de talento. A Itália tem uma taxa base com 200 mil euros máximo de valor. Em Portugal jogadores como o Di María pagam dois milhões de impostos. Sempre que os jogadores são vendidos, são menos impostos em Portugal. Neste Orçamento há algumas medidas fiscais e de concorrência para dar uma dinâmica diferente a um dos setores que mais impacto tem em Portugal."

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