Potências gastaram mais de 2.704 euros por segundo em armas nucleares no ano passado

3 meses atrás 69

Nove potências gastaram mais 13,4% em armamento nuclear em 2023. Está em causa uma subida de 10,7 mil milhões de dólares nas despesas com este tipo de armas face ao ano anterior, com os EUA a corresponderem a 80% do aumento.

Os gastos com armas nucleares atingiram números recorde em 2023, de acordo com a organização Campanha Internacional para Abolição de Armas Nucleares (ICAN), cujo relatório anual dá conta de um aumento de 13,4% para 91,4 mil milhões de dólares (85,33 mil milhões de euros). São 2.898 dólares (2.704,8 euros) por segundo, detalha o documento.

Em causa está uma subida de 10,7 mil milhões de dólares nas despesas com armas nucleares em relação aos valores de 2022, com os Estados Unidos a corresponderem a 80% desse aumento.

Segundo a ICAN, que recebeu o Prémio Nobel da Paz em 2017, todos os países detentores deste tipo de armamento – Rússia, Estados Unidos, França, Índia, China, Israel, Reino Unido, Paquistão e Coreia do Norte – reforçaram o investimento em armas nucleares. Os EUA registaram o maior aumento (18%), com uma despesa total de 51,5 milhões de dólares em 2023, acima de todas as outras potências com armas nucleares. A China ultrapassou a Rússia, tendo investido 11,9 mil milhões de dólares no ano passado. Em terceiro lugar, a Rússia gastou 8,3 mil milhões de dólares.

O segundo maior aumento homólogo foi protagonizado pelo Reino Unido, que gastou 8,1 mil milhões (+17,1%). França gastou 6,1 mil milhões (+5,7%).

“Em 2023, 20 empresas ativas no desenvolvimento e manutenção de armas ganharam, pelo menos, 31 mil milhões de dólares. Há, pelo menos, 335 mil milhões de dólares em contratos de armas nucleares pendentes com estas empresas, alguns dos quais se prolongam por mais mais de uma década”, refere a organização, acrescentando que foram adjudicados 7,9 mil milhões de dólares em novos contratos de armas nucleares.

“Cada empresa que constrói armas nucleares exerce influência em todo o governo, grupos de reflexão e instituições financeiras. Estas empresas gastaram 118 milhões de dólares a fazer lobby junto dos governos dos EUA e de França, um aumento de 11 milhões de dólares em relação a 2022. Várias empresas realizaram mais de uma dúzia de reuniões com funcionários do Reino Unido em 2023, sendo que duas empresas se reuniram com funcionários do Reino Unido mais de 40 vezes e cinco empresas reuniram-se com o primeiro-ministro do Reino Unido”, refere o documento.

De acordo com a ICAN, as despesas nucleares globais aumentaram 34% desde o início da análise anual, há cinco anos. “No meio destas despesas maciças para financiar armas de destruição maciça por um punhado de governos, quase 100 países assinaram o Tratado da ONU Tratado da ONU sobre a Proibição de Armas Nucleares (TPNW)”, recorda a mesma nota.

Ler artigo completo