Presidenciais e referendo de domingo na Moldova serão braço-de-ferro entre Ocidente e Kremlin

2 horas atrás 17

A atual Presidente pró-Ocidente, Maia Sandu, no cargo desde 2019 - primeiro como primeira-ministra e depois, a partir de 2020, como chefe de Estado - pretende conquistar um segundo mandato, enfrentando 10 adversários, alguns dos quais visam fazer regressar a antiga república soviética à esfera do Kremlin (presidência russa).

As votações na Moldova vão ser acompanhadas por 40 membros da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que funcionarão como observadores em conjunto com o Gabinete das Instituições Democráticas e dos Direitos Humanos, o Parlamento Europeu e o Conselho da Europa.

"Estas eleições presidenciais, realizadas em conjunto com um referendo sobre a adesão da Moldova à União Europeia, podem revelar-se cruciais para o futuro europeu", considerou a presidente da assembleia parlamentar da OSCE, Lucie Potuckova, numa mensagem divulgada no início desta semana.

"Como observadores, não temos qualquer interesse no resultado das eleições, vamos apenas concentrar-nos em oferecer a nossa avaliação completa e imparcial do processo eleitoral para ajudar a garantir que o resultado reflete com precisão a vontade do povo moldavo", concluiu.

Geograficamente `entalada` entre a Ucrânia e a Roménia, a Moldova passou as últimas décadas a oscilar entre o Ocidente e Moscovo. Atualmente, o país é governado por líderes que querem aderir à UE e abraçar o Ocidente, mas a luta das comunidades russófonas, intensamente apoiadas pelo Kremlin, pode forçar o sentido contrário.

A tática usada pela Rússia na Moldova é, em tudo, idêntica à que foi usada durante anos na Ucrânia: propaganda em meios de comunicação convencionais, as redes sociais, além do apoio de atores políticos locais pró-Rússia.

Táticas que não resultaram na Ucrânia, mas que estão a dar frutos num antigo companheiro da Moldova, a república da Geórgia (que também vai a eleições no dia 26), onde o partido no poder, o `Sonho Georgiano`, tem assumido, nos últimos anos, uma posição cada vez mais pró-Moscovo.

Com a guerra na Ucrânia em jogo, os resultados destas disputas - quer na Moldova, quer na Geórgia -- vão ser seguidas com muita atenção para se perceber se o Kremlin está a aprofundar ou a perder o controlo sobre a sua esfera mais próxima e sobre o quão resilientes são realmente as democracias apoiadas pelos Estados Unidos e o Ocidente.

Os avisos da Rússia à Moldova têm sido mais subtis do que os da Geórgia, onde foram publicados vídeos pelo `Sonho Georgiano` com imagens de destruição provocada pela guerra na Ucrânia, mostrando o que pode acontecer ao país se resolver voltar-se para o Ocidente.

Na Moldova, o estatuto de país candidato à UE parece abrandar a agressividade do Kremlin, mas os canais pró-Rússia têm sugerido repetidamente que, se a Presidente for reeleita, o país será arrastado para os combates na Ucrânia.

Além disso, foram divulgados rumores `online` como a possibilidade de os jatos F-16 ucranianos poderem, em breve, passar a ficar em bases da Moldova, ou que uma maior aproximação à UE tornaria obrigatória a disciplina de educação sexual nas universidades.

Ao mesmo tempo, o empresário exilado israelo-moldavo Ilan Shor, que já foi descrito como "o homem de Moscovo na Moldova" e que vive atualmente na Rússia depois de fugir de prisão domiciliária por crimes como fraude bancária - ofereceu, através da aplicação de mensagens Telegram, o equivalente a 25 euros a cada eleitor moldavo que vote contra no referendo.

A tentativa de o Ocidente influenciar os eleitores também se faz sentir na Moldova, mesmo tentando não parecer opressiva.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, visitou a Moldova em maio, anunciando 135 milhões de dólares (cerca de 125 milhões de euros) de ajuda financeira para a segurança energética do país e para a luta contra a desinformação.

No início deste mês, a Alemanha, a França e a Polónia -- o chamado Triângulo de Weimar, que tenta há vários anos concertar formas de manter a paz na Europa - prometeram o "apoio firme" à Moldova caso o país mantenha a sua proximidade política.

Em julho, a Moldova foi oficialmente considerada candidata à adesão à UE e decorreram algumas conversações sobre uma possível adesão à NATO, a aliança militar entre a Europa e os EUA.

Ler artigo completo