Presidente do Conselho Europeu pede que UE "não seja um museu do mundo"

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"Sou membro do Conselho Europeu há 10 anos [cinco anos como primeiro-ministro belga e cinco anos como presidente] e isso faz de mim um dos veteranos. Dentro de algumas semanas, deixarei este cargo e tenho algumas lições desta experiência, desde logo a ideia de que temos de fazer tudo para não nos tornarmos o museu do mundo", diz Charles Michel.

Em entrevista à Lusa e outras agências de notícias europeias no âmbito do projeto European Newsroom (Redação Europeia), em Bruxelas, o responsável vinca que, nas recentes crises -- como a saída do Reino Unido da União Europeia, a pandemia de covid-19 e a invasão russa da Ucrânia - "a União Europeia [UE] demonstrou que foi capaz de promover o desenvolvimento económico, o crescimento e a coesão social".

"Mas sinto que este é um ponto de viragem e é extremamente importante para o futuro manter o mesmo nível de ambição que tivemos no passado, a mesma paixão por este projeto europeu, e é por isso que eu penso que o que estamos a fazer no Conselho Europeu [...] será uma peça fundamental no puzzle do futuro", acrescenta, aludindo aos planos para reforçar a competitividade europeia que serão abordados na última cimeira europeia que presidirá, o Conselho Europeu de 08 de novembro em Budapeste, no âmbito da presidência húngara rotativa da UE.

Para Charles Michel, a reunião de alto nível em Budapeste, realizada dias depois das eleições presidenciais norte-americanas, deverá permitir "dar um passo muito sério em direção a uma maior ambição no domínio do crescimento, da inovação e da competitividade".

"Por favor, não sejam um museu do mundo", reforça, salientando que a UE deve ter "mais soberania, mais influência no mundo", nomeadamente face aos concorrentes Estados Unidos e China.

Nesta entrevista, Charles Michel reafirma estar "absolutamente convencido e, mais do que nunca", de que a UE estará em condições de acolher novos Estados-membros a partir de 2030, quando existem nove países candidatos (Albânia, Bósnia-Herzegovina, Geórgia, Moldova, Montenegro, Macedónia do Norte, Sérvia, Turquia e Ucrânia) e um potencialmente candidato (Kosovo).

"É um absurdo se a UE não acelerar" o processo, considera, argumentando que o espaço comunitário deve também "realizar os seus trabalhos de casa" e "preparar-se" através de reformas internas.

Quanto à guerra em solo ucraniano, descreve o telefonema com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, logo na noite da invasão russa em fevereiro de 2022, e a sua ida à região do Donbass como momentos "inesquecíveis", esperando que no próximo ciclo institucional que agora arranca a União consiga continuar a "tornar a Ucrânia mais forte porque isso também torna a UE mais forte".

E alertou que, se noutros países que aguardam a adesão à UE "houver um lugar vazio, alguém preencherá o vazio e não é alguém que defenderá os mesmos valores e interesses".

Antigo primeiro-ministro belga, o político liberal Charles Michel, de 48 anos, preside ao Conselho Europeu durante dois mandatos desde dezembro de 2019 e até 30 de novembro de 2024.

Será sucedido no cargo pelo antigo primeiro-ministro português, António Costa, a partir de 01 de dezembro.

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