Primeiro-ministro indiano recebido com todas as honras na Rússia

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A Rússia e a Índia têm uma longa história de colaboração na defesa e a visita que Narendra Modi faz nesta altura à Rússia pode acabar num envolvimento comum de que a Casa Branca já se queixou.

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, está a fazer a sua primeira visita à Rússia desde a invasão da Ucrânia para discutir questões que incluem acordos de defesa e armas. Os detalhes de quaisquer novos acordos entre os dois países sobre armas não foram revelados, mas os analistas dizem que as necessidades da Rússia de armas e munições para a guerra na Ucrânia está a impulsionar as negociações.

Modi é capaz de oferecer apoio industrial indiano substancial à Rússia para a guerra da Ucrânia em troca de energia e tecnologia militar. O apoio é uma necessidade para o país do sub-continente asiático, mas não deixaria de colocar a Índia na difícil posição de apoiar publicamente o esforço de guerra da Rússia – o que com certeza terá forte impacto nas relações com o Ocidente.

Mas, se estes acordos surgirem, não serão propriamente algo que não pudesse ser antecipado. Os laços entre Índia e Rússia – particularmente quando se trata de defesa e armas – remontam a décadas e permanecem fortes, mesmo no quadro da invasão. O Ocidente, e desde logo os Estados Unidos, tentaram de todas as formas chamar a Índia ao ‘redil’ dos países que suportam a Ucrânia, mas, apesar de uma visita faustosa de Modi aos EUA em junho do ano passado, isso acabou por nunca acontecer.

Na altura, Joe Biden mobilizou toda a pompa da Casa Branca para a primeira visita de Estado de Narendra Modi, que passou por um jantar privado com a mulher do presidente norte-americano, Jill Biden e um discurso perante o Congresso. “Esta relação bilateral, que acreditamos será uma das mais importantes para o futuro do mundo, tem um enorme potencial”, assegurava na altura um porta-voz do executivo norte-americano perante uma visita considerada “histórica”. Apenas os chefes de Estado e não de governo têm direito a uma “visita de Estado”, o mais alto nível do protocolo da Casa Branca.

Com todo este aparato, Biden queria fundamentalmente duas coisas: assegurar o trânsito da Índia para o lado do Ocidente – contra a Rússia – e promover uma forte concorrência entre a Índia e a China, tentando assim ‘espicaçar’ a vontade indiana de se constituir como uma potência alternativa a Pequim.

A cooperação entre Washington e Nova Déli nas áreas de segurança e defesa aumentou consideravelmente, ao mesmo tempo que foram fechados acordos de grande escala em áreas centrais como os semicondutores, tecnologia e cooperação espacial. Alguns desses acordos visavam diversificar as cadeias de fornecimento vindas da China. Biden declarou que “as relações entre os Estados Unidos e a Índia serão uma das mais marcantes do século XXI”.

Mas, aparentemente, tudo falhou: nem as relações com a China se deterioraram visivelmente, nem a Rússia foi abandonada. O que explica que, esta segunda-feira, os Estados Unidos tenham comunicado oficialmente o seu desconforto em relação ao relacionamento da Índia com a Rússia após os encontros entre Narendra Modi e o presidente russo, Vladimir Putin.

Na Rússia, Vladimir Putin entregou a Ordem de Santo André Apóstolo a Narendra Modi, com a cerimónia a decorrer cinco anos depois de o chefe de Estado russo ter assinado um decreto que concedia a honra ao primeiro-ministro indiano. Ou seja, pompa e circunstância também não faltaram na Rússia. O facto de Putin ter assinado o decreto que confere a honraria a Modi em abril de 2019 (antes da invasão da Ucrânia) e de Modi o ter aceite nesta altura é, para os analistas, altamente relevante.

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