PS desconfia que Governo procura pretexto para "dizer que não quer reunir-se" sobre OE

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OE2025

20 set, 2024 - 20:25 • Susana Madureira Martins

Socialistas não gostaram de ouvir o ministro da Presidência dizer que já tinha feito diversos contactos para uma terceira reunião para negociar a proposta de Orçamento do Estado e lamentam o que consideram ser os “excessos de palavras” de Leitão Amaro. PS mostra-se disponível para trabalhar com Governo “até ao dia da entrega do OE”.

“Não há nenhuma decisão de refutar reuniões, seja do Partido Socialista, seja do Governo”. A garantia foi dada esta sexta-feira pela deputada e dirigente do PS Marina Gonçalves, em declarações ao programa da Renascença São Bento à Sexta.

Os socialistas, visivelmente, não gostaram de ouvir o ministro da Presidência dizer que o Governo já tentou marcar uma terceira reunião com o PS para discutir o Orçamento do Estado (OE) e Marina Gonçalves diz mesmo que lamenta “profundamente” as declarações de António Leitão Amaro na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros desta quinta-feira.

"Fizemos os contactos todos que podíamos fazer, não apenas para marcar duas rondas de reuniões, que já aconteceram, como vários contactos posteriores para mais reuniões e encontros de diverso tipo", revelou o ministro que participou nas duas primeiras reuniões com os partidos.

Marina Gonçalves salienta que o tema das negociações do OE “deve ser tratado à porta fechada”, acusando Leitão Amaro de “introduzir aqui uma carga de conflito relacional entre Governo e Partido Socialista, quando ela não existe, manifestamente não existe”.

Numa altura em que as negociações sobre o OE permanecem num impasse e com o Governo à espera que o PS apresente as suas propostas, Marina Gonçalves garante que o trabalho entre as duas partes vai continuar e que “não há nenhuma decisão de refutar reuniões, seja do Partido Socialista, seja do Governo”.

 "Ninguém sabe o que é que o PS quer"

Perante a subida de tom de Leitão Amaro, que desafiou os socialistas — "Digam lá o que querem" — e a quem acusa de "teimarem" em falar de eleições, "em não fazer reuniões”, Marina Gonçalves lança a desconfiança: “A não ser que o Governo esteja a tentar encontrar um ónus para dizer que não quer reunir-se, que eu espero que não seja, não compreendi as declarações do ministro da Presidência”.

A dirigente do PS garante que a vontade do partido em reunir-se com o Governo se mantém e que “não há essa posição, essa necessidade de impedir aquele que é um trabalho que estávamos a fazer todos em conjunto e que para nós é importante”.

Marina Gonçalves desafia agora Leitão Amaro a não repetir o que disse aos jornalistas. “Espero que, na verdade, não volte, ou pelo menos, se calhar o diga de outra forma, para nós percebermos o que ele quis dizer”, acusando-o de “excesso de palavras”, acreditando ter sido “uma interpretação errada” por parte do ministro.

Fica ainda o aviso de uma dirigente muito próxima de Pedro Nuno Santos e que foi, de resto, sua secretária de Estado da Habitação durante a passagem pelo Governo de António Costa: “Se o Governo não quiser o Orçamento, não haverá Orçamento”, concluindo Marina Gonçalves que, “da parte do Partido Socialista, não houve nenhuma posição pública a dizer que o Governo não quer reunir” ou uma “decisão pública a dizer que não vamos negociar ou que o Governo não quer negociar”.

O PS acusa assim a pressão que o Governo da AD está a colocar no partido, quando falta menos de um mês para a entrega da proposta de OE no Parlamento. Marina Gonçalves sacode essa pressão – “nós não entendemos que esteja de todo em cima de nós” – garantindo que os socialistas estão “sempre disponíveis para trabalhar até ao dia da entrega do OE”.

Os socialistas desconfiam agora das intenções do Governo que acusam de lançar “ruído” para, diz Marina Gonçalves, depois “responsabilizar o Partido Socialista por o Governo não querer encontrar um ponto de entendimento no OE”.

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