“Punhalada nas costas dos mais vulneráveis”. Greta Thunberg arrasa acordo da COP28

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Declarações foram proferidas esta sexta-feira à porta do Parlamento sueco, onde a jovem de 20 anos se manifestou com um grupo de ativistas naquela que é a 278.º semana de greve climática, uma onda global de protestos semanais que começou em 2018.

“Uma punhalada nas costas dos mais vulneráveis”. Foram estas as palavras utilizadas pela ativista Greta Thunberg para comentar o acordo alcançado esta semana na Conferência das Partes sobre as Mudanças climáticas (COP28), que terminou no dia 12.

As declarações foram recolhidas pela “Reuters” esta sexta-feira à porta do Parlamento sueco, onde a jovem de 20 anos se manifestou com um grupo de ativistas naquela que é a 278.º semana de greve climática, uma onda global de protestos semanais que começou em 2018.

“Enquanto não tratarmos a crise climática como uma crise e enquanto mantivermos os interesses dos lobbies a influenciar estes textos e estes processos, não vamos chegar a lado nenhum”, insistiu.

Nas redes sociais, Greta também se pronunciou sobre o acordo alcançado no dia 13 deste mês por mais de 200 países, que rejeita classificar como “uma vitória”.

“O resultado final da #COP28 não é uma “vitória histórica”, é mais um exemplo de textos extremamente vagos, cheios de lacunas que não são, de forma alguma, suficientes para manter o limite de 1,5° e garantir a justiça climática”, escreveu a ativista sueca na rede social X (antigo Twitter).

A ativista alinha-se, assim, com a posição manifestada pela Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), que alertou para “uma série de lacunas” no texto proposto para um acordo sobre o clima na COP28.

“O texto não fala especificamente da eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e da mitigação de uma forma que seja, de facto, “a mudança radical que é necessária””, reagiu a aliança, que representa países desproporcionadamente vulneráveis aos efeitos climáticos, como a Micronésia, Fiji, Tuvalu, Kiribati, entre outros.

Climate strike week 278. The final outcome of #COP28 is not a “historic win”, it is yet another example of extremely vague and watered down texts full of loopholes that in no way is even close to being sufficient for staying within the 1,5° limit and ensure climate justice.
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— Greta Thunberg (@GretaThunberg) December 15, 2023

A par de Greta, uma das figuras mais conhecidas globalmente no ativismo climático, são várias as vozes críticas do acordo, visto como insuficiente para impedir que as temperaturas globais subam mais de 1,5 graus Celsius acima da média pré-industrial.  

Em Portugal, a associação ambientalista Zero classificou o acordo alcançado na Cimeira do Clima do Dubai como “avanço importante”, mas com um “sabor agridoce” por deixar em aberto muitas opções “falsas e contraditórias”.

Segundo a ONG fundada em 2015, apesar de o documento final abrir caminho para o fim da era dos combustíveis fósseis, “não reflete a necessidade de financiamento necessária, nomeadamente na questão das perdas e danos e também no equilíbrio entre os esforços de mitigação e adaptação”.

Também o grupo Climáximo reagiu ao acordo, alertando para a ausência de objetivos vinculativos. Noah Zino, membro da organização ativista ambiental, sustenta que a declaração dos países reunidos na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), no Dubai, não difere muito do que foi feito nas anteriores cimeiras e reforça a convicção de que “nenhuma instituição é capaz de parar de produzir a crise climática”.

Na quarta-feira, também Marcelo Rebelo de Sousa se pronunciou sobre o consenso obtido na Conferência das Nações Unidas, um “o acordo histórico” que “estabelece, na sua redação final, a transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de forma justa, ordenada e equitativa, acelerando a ação até 2030, e recolocando a Ação Climática no rumo para a neutralidade carbónica em 2050”.

No dia 13 de dezembro, a cimeira COP28 aprovou um acordo considerado histórico para a transição global dos combustíveis fósseis, que mereceu uma aprovação de quase 200 países e uma demorada ovação final.

O texto apela à “transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de forma justa, ordenada e equitativa, acelerando a ação nesta década crucial, a fim de alcançar a neutralidade de carbono em 2050 em acordo com recomendações científicas”.

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