Em mensagem dirigida aos agricultores, em resposta a pedidos de apoio público que lhe chegaram, o bispo de Setúbal sublinha que os "agricultores e todas as mulheres e homens que se dedicam à agricultura merecem (...) homenagem e gratidão".
"Todas as horas, todos os dias, semanas e meses são de dedicação permanente. Sejam plantas ou animais. Obrigam a dedicação completa. É uma atividade muito dependente das condições meteorológicas... que estão cada vez mais alteradas", reconhece o cardeal na mensagem.
No texto, a que a agência Lusa teve acesso, o prelado questiona: "E quando os produtos chegam a nossa casa pergunto: quanto do valor pago no supermercado chega ao produtor? Das batatas, dos legumes, do leite, do vinho... e de tantos outros produtos? Quem são todos os intermediários da cadeia comercial que existe entre o produtor e a prateleira da loja? Quem ganha o quê?".
Américo Aguiar lembra, ainda, "todos os outros dossiês e assuntos que dizem respeito aos custos de produção: eletricidade, combustíveis, adubos, encargos sociais, impostos...".
Desde quinta-feira que os agricultores portugueses se têm manifestado pela valorização do setor e condições justas, tal como tem acontecido em outros pontos da Europa.
O Governo avançou com um pacote de ajuda de mais de 400 milhões de euros destinados a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), garantindo que a maior parte das medidas entra em vigor este mês, com exceção das que estão dependentes de 'luz verde' de Bruxelas.
A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros em 26 de fevereiro.
Os protestos dos agricultores portugueses são organizados pelo Movimento Civil de Agricultores, que se juntou às manifestações que têm ocorrido em outros países europeus, incluindo França, Grécia, Itália, Bélgica, Alemanha e Espanha.
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