Um a um, todos os treinadores com que Rafa Silva trabalhou no Benfica mereceram palavras de apreciação do avançado. E de forma honesta e transparente. Na hora da despedida, o internacional português falou abertamente dos oito anos que passou no clube. «O míster Rui Vitória foi a minha chegada aqui. Eu acho que nós não nos conectámos muito bem. É verdade, não há como fugir. Não tenho nada de mal a dizer. O máximo que posso dizer é: acho que nós acabamos por não nos conectar com toda a gente na vida. Eu não o entendi bem e ele se calhar não me entendeu bem a mim, mas fez um trabalho muito bom no Benfica, e foi o treinador que me trouxe para cá», começou por dizer, à BTV. «O míster Bruno [Lage] foi uma pessoa que, quando estava tudo um bocadinho escuro, nos trouxe um bocadinho de vida. E quando digo 'um bocadinho', não é um bocadinho, a relativizar, porque foi mesmo uma pessoa muito importante no Benfica. Não foi devidamente apreciada, por assim dizer. Devia ter sido muito mais apreciado, e para mim foi um treinador muito importante. Aprendi muito com ele, e trouxe muito boa vida aqui ao Benfica e ao nosso balneário», avaliou Rafa. Em dois momentos (no fim de 2019/20 e na segunda metade de 2021/22), Nélson Veríssimo assumiu o comando do Benfica em fases de transição. Da segunda vez, ao colocar Rafa à direita, foi associado a um menor rendimento do jogador: «Acabou por ficar connosco na altura em que o míster Bruno saiu. Não é fácil. As duas vezes em que ele esteve connosco, não é fácil, porque não foi programado por ele, não foi uma época programada por ele, foi acabar épocas, e isso nunca é fácil. Nós sabemos disso. E foi uma pessoa sempre muito honesta comigo, com quem eu ainda tenho relação e de quem eu gosto muito». «O míster Jorge [Jesus] é uma das pessoas de quem eu gosto mais. Ele pode não saber disto, mas é uma das pessoas de quem eu gosto mais, porque eu gosto muito. Acho que a honestidade é uma coisa muito importante na nossa vida, e é uma pessoa muito frontal. Como é uma pessoa que não tem filtros, acaba por ser uma pessoa com quem eu me identifico muito, porque eu gosto muito disso. Acho que lhe sai tudo o que tem para sair, e isso a mim, como pessoa... gosto muito e aprendi imenso com ele. Foi um treinador com quem eu aprendi mesmo muito, que nos ensinou muito e que eu gostava que ele tivesse saído daqui [numa época] em que tivéssemos ganho um título, na verdade», lembrou. Por fim, o atual técnico das águias, o alemão Roger Schmidt, também significou palavras relevantes de Rafa Silva. E, além disso, palavras abonatórias numa altura em que a contestação é grande. «O míster Roger [Schmidt] acaba por ser o mais fácil de falar porque é o nosso treinador. Espero que continue cá muitos anos. Espero que o apreciem como treinador, porque não têm a noção da pessoa que está aqui. Foi uma das fortes razões também para eu ter continuado no Benfica, numa altura em que as coisas estavam muito… Para mim, na minha cabeça, não estavam a fazer o sentido que faziam. E então foi o míster Roger que… Tivemos uma conversa quando eu cheguei cá, depois das nossas férias. E foi uma das razões também que me fizeram ficar cá. Sou muito agradecido por o que ele fez por mim, por ter percebido a pessoa que eu era, por ter sabido lidar comigo e gerir o que eu sou, porque acho que um treinador é muito importante também quando sabe lidar com as pessoas, sabe estar. O míster Roger foi muito importante aqui no meu percurso no Benfica, nestes dois últimos anos, e conseguiu trazer-nos títulos outra vez, depois de três anos», enalteceu. Houve ainda espaço para uma apreciação a Rui Costa, que Rafa Silva encontrou como dirigente e que entretanto assumiu a presidência das águias. «O Rui, para mim, é difícil eu dizer Presidente Rui, porque para mim o Rui é um amigo. Foi ele uma das pessoas que me trouxeram para cá, na altura. E é o que ele é. Ele acolhe muito bem, foi jogador, sabe bem o que é que nós sentimos, sabe bem o que é que nós passámos, foi um grande jogador. E então, há a amizade que eu acabei por criar com ele, foi uma amizade muito importante para mim. É um amigo e será sempre um amigo. Devido a tudo o que nós criámos aqui, devido a todos estes anos, são muitos anos juntos, muito anos de relacionamento. E lá está, é isso o que eu gosto no futebol. Não interessa muito o que é que nós somos, interessa a maneira como nós nos tratamos», vincou.