Relatores da ONU apontam crimes de guerra de Israel na Cisjordânia

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Em 29 de janeiro, uma dúzia de agentes da polícia israelita e do serviço nacional de segurança do país, o Shin Bet, entraram neste hospital da cidade de Jenin disfarçados de médicos, enfermeiros e civis.

Mataram dois pacientes, os irmãos Basel e Mohamed Al Ghazawi, e um visitante do hospital identificado como Mohamed Walid Khalamna. Todos eles, segundo Israel, eram procurados pelo crime de terrorismo.

Os cinco relatores consideram que, independentemente dos motivos, "Israel é sempre obrigado a respeitar o direito internacional humanitário", especialmente num território ocupado, como a Cisjordânia, que está fora das atividades militares de Israel durante a guerra em Gaza.

"No máximo, as forças israelitas poderiam ter sido treinadas para prender estas pessoas. Em vez disso, Israel optou por as matar, em flagrante violação do seu direito à vida", denunciam os relatores.

Os peritos da ONU sublinham que "o assassinato de um doente ferido e indefeso", como descrevem Basel Al Ghazawi, que estava a convalescer de um anterior ataque israelita, "constitui um crime de guerra".

Além disso, salientam também que as forças israelitas podem ter cometido, em princípio, outro crime de guerra, como a "perfídia", atuando de forma dissimulada ou traiçoeira, disfarçadas de "médicos inocentes".

Por todas estas razões, os cinco relatores -- entre os quais a relatora sobre a situação dos direitos humanos nos territórios palestinianos ocupados desde 1967, Francesca Albanese - apelam a Israel para que inicie imediatamente uma investigação com o objetivo de "punir os responsáveis" pela operação em todas as suas fases e recomendam, no caso de as autoridades israelitas se recusarem a realizá-la, a intervenção do Tribunal Penal Internacional.

A 07 de outubro, combatentes do Hamas -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns, 132 dos quais permanecem em cativeiro, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 126.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza quase 28.000 mortos, pelo menos 67.500 feridos e 8.000 desaparecidos, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.

O conflito fez também quase dois milhões de deslocados (mais de 85% dos habitantes), mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com toda a população afetada por níveis graves de fome que já está a fazer vítimas, segundo a ONU.

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