REPORTAGEM | Fomos conhecer a Classic Football Shirts, o «sonho de qualquer adepto de futebol»

Aproveitámos a visita do FC Porto ao Arsenal, relativo à segunda-mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, para também nós fazermos uma pequena visita e conhecermos a Classic Football Shirts, o «sonho de qualquer adepto de futebol», que nos presenteia com relíquias do futebol mundial.

Tudo começou em 2006, com dois amigos que viviam em Manchester, Matthew Dale e Doug Bierton, e compravam e vendiam camisolas online. Por isso, criaram um website para apoiar os fascinados por encontrar relíquias do mundo das camisolas, como eles, que tinham passado por grandes dificuldades para arranjar uma da Alemanha Ocidental de 1990.

Os familiares bem lhes diziam para «arranjar um emprego de verdade», mas o negócio foi crescendo, até que que foram obrigados a mudar-se para um armazém - tudo por causa de um depósito de 15 anos que pertencia ao AC Milan e em que conseguiram meter as mãos - e mais tarde um ainda maior, tal o crescimento. Após várias exposições internacionais e lojas temporárias, abriram, em 2019, duas lojas permanentes, uma em Londres e outra em Manchester. Não podíamos perder a oportunidade de conhecer a primeira.

«Já vendemos camisolas a 5 mil libras»

Assim que chegámos à loja, deparámo-nos com duas camisolas antigas do Arsenal e do FC Porto, a darem-nos as boas vindas ao maravilhoso mundo dos adeptos de camisolas. Afinal, era dia de jogo e é tradição a loja fazer isto mesmo. Fascinados com as peças encontradas, encontramo-nos com Charlie Hutton, supervisor da loja, de 27 anos, que trabalha na empresa há quatro anos.

«Uso uma camisola diferente todos os dias e por isso rapidamente nos fartamos e queremos novas. Somos todos colecionadores aqui na loja. É por isso que trabalhamos aqui. Sou um novato, comparado com os outros, porque tenho entre 60 e 70. Alguns gastam quase o seu salário em camisolas só», começa por dizer-nos, com, diga-se de passagem, uma camisola da seleção jamaicana vestida.

Entre brincadeiras entre fãs de camisolas, chegamos à forma como tudo se processa: «Boa parte recebemos diretamente da Adidas, mas para as mais clássicas temos uma equipa dedicada exclusivamente a comprá-las online ou a outros colecionadores. Passam por várias etapas de autenticação, para termos a certeza que são verdadeiras, porque essa é a nossa grande marca. Orgulhamo-nos disso.»

A loja de Londres até pode ser a mais pequena, mas não deixa de impressionar. Uma pequena procura e encontramos desde grandes clássicos, como a camisola de Batistuta na seleção ou do nipónico Nakata, até às famosas camisolas do Venezia, que têm feito furor nos últimos anos. Os preços, por sua vez, variam também bastante e há para todos os gostos, com as mais baratas entre os 8 e 14 euros, e as mais caras a chegar quase a 6 mil euros (5 mil libras).

«Os nossos clientes são basicamente qualquer pessoa que goste de camisolas de futebol, o que é basicamente toda a gente que goste de futebol, que é praticamente toda a gente. É uma mistura. Na altura do Natal os mais novos pedem imenso. O nosso ponto mais alto é no verão, porque a maioria das pessoas que nos visitam são turistas. Norte-americanos, brasileiros, argentinos, pessoas do resto da Europa», começa por dizer Charlie.

«Os sauditas gastam muito dinheiro cá. Pessoas da Coreia, China, qualquer país passa aqui. A certa altura começámos a apontar as nacionalidades de quem vinha cá, mas perdemos a conta. Recebemos muito turismo por causa de jogos, de pessoas que vêm de outros países por causa de certos jogos europeus, como este do FC Porto frente ao Arsenal. Quando é assim colocamos camisolas desse clube, que muitas vezes as pessoas nem encontram nos seus países. Outros eventos, como a Maratona de Londres ou futebol americano no estádio do Tottenham também nos fazem receber muitos turistas», acrescenta.

Fruto da sua história, a maioria dos pedidos são feitos online, mas Charlie diz que obviamente é «bom ter um local físico» para as pessoas virem, verem, sentirem as camisolas, «experimentarem». Além disso, esclarece que, por sua vez, a procura de certas camisolas é bem maior do que a oferta que a empresa pode dar, fruto de diversos fatores.

«Toda a gente quer a camisola do Batistuta da Fiorentina, mas a oferta não chega aos pés dos pedidos. As pessoas querem camisolas como a do Ronaldo Nazário no Inter de Milão ou PSV, do Baggio. Alguém como o Maradona, que é uma camisola muito desejada, só chegou num período curto de tempo onde tinhas nomes na camisola. Portanto há camisolas que ele usou, mas que só têm o número e acaba por ser apenas uma camisola da Argentina. É muito especial quando aparece uma», explica.

De resto, essa referida camisola de Maradona foi das mais raras a passar pela loja, apenas em duas ocasiões, e é das que foi vendidas mais cara na história da empresa - cerca de 5800 euros. Tenha os bolsos mais ou menos fundos, recomendamos esta visita. Afinal, tanto pode sair de Londres com uma camisola da seleção da Etiópia, como do seu maior ídolo de infância.